UM AMOR DO PASSADO
BOOK
ONE LOVE
THE PAST - The
story of Captain Juno, a Russian
scientist who loses his wife and
daughter to death. Emotion,
plot, drama, love
and hate. Science and
Spirituality, projection and hypnosis are used by the captain who enters eternity looking
for his family.
КНИГА
ПЕРВАЯ ЛЮБОВЬ прошлое - историю
капитана Juno, русский ученый,
который теряет свою жену и дочь до
смерти. Эмоции, сюжет, драма,
любовь и ненависть. Науки и духовности, проектирование и
гипноза используются капитана, который входит вечности ищет свою семью.
BOOK ONE LOVE THE PAST - Die Geschichte von Kapitän Juno, ein russischer Wissenschaftler,
der seine Frau und Tochter verliert
bis zum Tod. Emotion, Handlung, Drama, Liebe und Hass. Wissenschaft
und Spiritualität, Projektion und Hypnose werden durch den Kapitän, der Ewigkeit tritt auf der
Suche nach seiner Familie verwendet.
LIBRO
PRIMERO AMOR DEL PASADO -
La historia del Capitán Juno, un científico ruso que pierde a su esposa e hija a la muerte. Emoción, trama,
drama, amor y odio. Ciencia y la espiritualidad, la proyección y
la hipnosis son utilizados por el capitán que entra en la
eternidad buscando a su familia.
LIVRE UN AMOUR DU PASSÉ - L'histoire
du capitaine Juno, un scientifique russe
qui perd sa femme et sa fille à la mort. Émotion, l'intrigue, le
drame, l'amour et la haine. Science et
la spiritualité, la projection et l'hypnose sont utilisés par le capitaine qui entre dans l'éternité à
la recherche de sa famille.
LIBRO
PRIMO AMORE
IL PASSATO - La
storia del capitano Juno, uno
scienziato russo che perde la moglie
e la figlia a morte. Emozione,
trama, dramma, amore
e odio. Scienza e spiritualità,
la proiezione e l'ipnosi sono utilizzati
dal capitano che entra
nell'eternità cerca per la sua
famiglia.
キャプテン·ジュノ、死に彼の妻と娘を失い、ロシアの科学者の物語 - BOOK ONEは、過去が大好きです。ふるまい、プロット、ドラマ、愛と憎しみ。科学と精神性、投影と催眠は彼の家族を探して永遠に入る船長によって使用されます。
캡틴 주노, 죽음에 그의 아내와 딸을 잃고 러시아 과학자의 이야기 - BOOK ONE은 과거를 사랑 해요. 감정, 줄거리, 드라마, 사랑 싫어. 과학 및 영성, 프로젝션 최면은 그의 가족을 찾고 영원을 입력 선장에 의해 사용됩니다.
BOOK ONE LOVE الماضي - قصة الكابتن جونو، عالم روسي الذي يفقد زوجته وابنته حتى الموت. العاطفة، والمؤامرة، والدراما، والحب والكراهية. وتستخدم العلم والروحانية، والإسقاط والتنويم المغناطيسي من قبل القبطان الذي يدخل الخلود يبحث عن عائلته.
Aqui encontrará aventura, suspense, ação, ficção, realidade, drama, trama, amor e ódio.
A emocionante história de um sonhador que vai do passado ao futuro, da Terra ao Céu, a procura de seu grande amor.
Em meio a alta tecnologia, ciência e espiritualidade, nasce uma história inusitada.
Pertence a Benedito Oswaldo Vettoretti
Através deste livro espero
proporcionar horas agradáveis e possíveis reflexões.
Jacareí, 20 de Janeiro de 2013
ÍNDICE
O CEHPAT
|
11
|
A chegada de Lara
|
15
|
O encontro
|
17
|
Recomeçando
|
22
|
Lutando por mudanças
|
25
|
Novas estratégias
|
27
|
Na máquina do tempo
|
31
|
Mais um passageiro da MDT-FP001
|
39
|
Nova estratégia
|
43
|
Há males que vem para o bem
|
46
|
A troca de personalidade
|
52
|
O inesperado
|
55
|
A viagem astral
|
58
|
Conhecendo a vida após a morte
|
63
|
Hora de ir embora
|
70
|
A revelação
|
72
|
De volta à eternidade
|
76
|
Conhecendo outras colônias
|
81
|
Chegando às regiões inferiores
|
84
|
Inferno e paraíso
|
88
|
Na terra da magia
|
98
|
Os últimos dias
|
102
|
Ilusória hegemonia
|
107
|
A vida apresenta
surpresas que superam até mesmo os limites da imaginação.
CEHPAT
O CEHPAT é o Centro de Estudos de Hipnose, Projeção Astral
e Terapia.
Nesse centro trabalham profissionais que estudam o
comportamento humano diante de fenômenos naturais ao próprio ser humano.
Juno Besik chega ao CEHPAT, é janeiro de 2004.
Um rapaz de aproximadamente 27 anos, 1.70m, 72 kg,
cabelos castanho escuro, pele branca parda, olhos acastanhados e voz grave;
descendente do povo russo.
Dirigindo-se a recepção ele diz:
_ Bom dia !
_ Estou aqui para me inscrever no curso de hipnose.
Juno Besik já havia feito alguns cursos de hipnose,
conhecia bem o assunto, porem seu objetivo era adquirir mais conhecimento e
submeter-se a regressão de memórias.
Como de praxe, foi entrevistado pelos membros do grupo
e após avaliações foi aceito na equipe de estudos.
Em junho do mesmo ano, Juno Besik submeteu-se ao
transe hipnótico, onde o objetivo era a regressão de memórias.
Antes de iniciar o trabalho, expliquei sobre o
equipamento que seria usado:
_Ligaremos você a esta máquina Juno, estes eletrodos
serão ligados a sua cabeça, serão eles que captarão as ondas cerebrais e a
transportarão para a máquina que decodificará a energia que vem de seu
subconsciente, transformando-a em som e imagem.
_Todos somos uma filmadora de som e imagem, então tudo
que você viu e ouviu será resgatado de sua memória subconsciente e será gravado
na máquina.
_Ao mesmo tempo em que gravamos podemos ver em tempo
real, nesta grande tela, sons e imagens, o filme de sua vida.
Juno foi ligado ao aparelho decodificador de ondas
cerebrais, onde sua vida anterior foi gravada para posterior estudo.
Essa vida de Juno Besik iniciou-se em 1870, cidade de
Troitsky, Russia, próximo à divisa com o Cazaquistão.
No momento em que se iniciou o transe hipnótico, havia
oito membros do centro de estudo reunidos, sentados nas cadeiras que estavam à
volta da maca onde Juno Besik encontrava-se deitado.
Por coincidência ou não, seu nome na época também era
Juno, Juno Alexander.
Confortavelmente assistíamos no telão a vida anterior
do Juno Besik se desenrolando:
Regredindo as memórias de Juno Besik, conhecemos Juno
Alexander, com aproximadamente 19 anos; sentado num tronco embaixo de uma
grande árvore, conversava com Natasha Dasha.
A moça aparentava ter entre 17 e 18 anos, seus cabelos
loiros em duas tranças, estavam circundados por um tecido amarrado no alto da
cabeça.
Olhos azuis e pele clara, falava compassadamente e
mantinha a cabeça baixa.
Não conseguíamos ver a imagem de Juno Alexander, só
seria possível caso ele olhasse para um espelho.
Perceptivelmente nítido era o amor que um sentia pelo
outro; na conversa dos dois camponeses, Natasha estava preocupada com a doença
do Juno Alexander.
O rapaz iria para a trincheira e se despedia da moça,
pedia que não se preocupasse, pois voltaria logo.
Regredimos um pouco mais as memórias de Juno Besik e
lá estava novamente a Natasha.
Com aproximadamente nove anos, ela brincava com Juno
Alexander a beira de um rio.
Os pais eram camponeses vizinhos; as crianças foram
criadas juntas e cresceram unidas pelo amor das famílias.
Ainda criança os dois começam o namoro escondido dos
pais.
Embora eles sempre escondessem o relacionamento, era
impossível não perceber a forte ligação que tinham.
Sempre juntos conversando e rindo nas poucas horas
vagas entre um trabalho e outro; ajudavam os pais na lida diária da roça.
Aos domingos seguiam com as famílias até a capela do
povoado, onde tinham mais tempo para ficar juntos.
Sonhavam poder casar e criar vários filhos.
No rigoroso inverno russo, quando o trabalho diminuía,
Juno Alexander e Natasha jogavam xadrez, era outra forma que encontraram para
estarem juntos.
Aos 19 anos Juno Alexander foi chamado pelo exército.
Deveria combater protegendo a fronteira contra ataque de mercenários.
Natasha chorava, mas sabia que o amado não tinha
escolha.
Despediram-se e Juno Alexander se foi para nunca mais
voltar. A morte em combate colocou fim nos sonhos daqueles jovens.
Terminado o trabalho, gravamos e entregamos o filme ao
rapaz.
Uma semana após assistir o filme da própria vida, Juno
voltou ao centro de estudos.
Normalmente Juno era homem de poucas palavras, poucos sorrisos,
preferia ouvir e só opinava quando pedíamos.
Entretanto, após assistir o filme de sua vida, Juno
tornou-se ainda mais introspectivo, era visível seu estado de tristeza.
Não pude deixar o fato passar sem pedir que ele
comentasse o motivo de aparente tristeza.
Com muito esforço Juno relatou-me particularmente que
algo já lhe dizia que a vida anterior tinha lhe reservado trágico fim.
Em muitos momentos perguntei a mim mesmo se o acaso
existe, em todas as situações que analisei pude perceber que não, nada é um
mero acaso.
A vida atual de Juno foi mais uma oportunidade de
observar que para tudo tem um por quê, nada acontece ao acaso.
A CHEGADA DE
LARA
Três meses após a regressão do rapaz, conhecemos Lara Misha.
A moça tinha duas particularidades apresentadas por
Juno: ela também era filha de russos e pouco falava.
Chegou ao Brasil com doze anos; os pais foram morar na
cidade de São Paulo, no bairro da Vila Zelina.
A moça formou-se psicóloga e já trabalhava em São
Paulo quando os pais morreram num acidente de carro.
Desgostosa e sem familiares no Brasil, Lara vendeu a
casa da família e saiu de São Paulo.
Chegando a nossa cidade, em pouco tempo Lara se
estabeleceu e nos procurou para especializar-se em hipnose.
Como Juno, um de seus primeiros pedidos após a
integração com a equipe, foi a de fazer sua regressão de memória a vidas
passadas.
Após preparada pela equipe, numa calorosa tarde de
sexta-feira, Lara estava deitada na maca, ligada ao decodificador de ondas
cerebrais.
Logo no inicio da regressão Lara relatou que vivia na
idade de 58 anos, estava doente, morava numa cidade russa, exatamente na cidade
com o nome de Troitsky, o ano era 1930.
Quieto, observando atentamente o filme, logo percebi
pela idade, data e local, que ela havia conhecido Juno Alexander, mas nunca
poderia imaginar que ela tivesse sido a amada do rapaz.
Ao perceber a ligação que poderia haver entre eles,
resolvemos regredir um pouco mais sua memória, chegando aos seus 17 anos.
Era mesmo Natasha, a amada de Juno Alexander, então
foi possível observar no filme, através da visão da Natasha, a aparência física
que Juno tinha naquela época.
Juno Besik acompanhava o trabalho e não conseguiu se
conter, a emoção foi grande, acabou saindo da sala.
Descobrimos que ela nunca mais teve um amor, dedicou-se
a família, cuidou dos pais e dos pais de Juno.
Sofreu a ausência do Juno a cada dia de sua vida,
morrendo doente em 1931, aos 59 anos de idade.
Após terminado o trabalho, gravamos e entregamos a
cópia para Lara que estava afoita em ver sua vida no filme.
Prevendo que depois de assistir o filme Lara poderia
entrar em depressão, adiantei os fatos dizendo que ela acabara de ganhar um
presente:
_ Lara, você foi conduzida à nossa cidade e ao nosso
meio para continuar vivendo um grande amor do passado, pois seu grande amor
russo está hoje entre nós.
_Nossa, que interessante, quem é ele ?
_Que história é essa ?
Nesse instante percebi a grande mudança da moça que
pouco falava e não demonstrava emoções.
_Calma Lara, vá para casa, assista calmamente ao filme,
depois me procure.
O ENCONTRO
No dia seguinte, mal o centro abriu e Juno estava me
esperando na porta.
_Preciso falar com você, não consegui dormir, me sinto
estranho, estou com medo, ansioso, não sei o que pensar, não sei o que fazer
para controlar esses sentimentos.
_Calma Juno, sei que tem razão, até mesmo eu não sei
se estou preparado para passar pela experiência que você passou, mas vamos
conversar, vou ajudá-lo a colocar a casa em ordem.
Além das fortes emoções que assolavam o rapaz, ele
estava noivo, seu casamento seria no final do ano, agora não tinha certeza de
mais nada.
Fiquei surpreso, não sabia que Juno tinha noiva,
percebi que a situação era delicada.
Procurei acalmá-lo, pedi que não se precipitasse nem
mesmo nos pensamentos.
_Espere a Lara ver o filme, vamos analisar o
comportamento dela, depois sentaremos para conversar, eu, você e ela.
_Talvez ela também precise de ajuda, completei.
Lara sumiu reaparecendo depois de três dias.
Como aconteceu com Juno, a moça estava introvertida,
quieta, pensativa.
Logo que a vi me adiantei dizendo:
_Bom dia Lara, estava preocupado com você,
desapareceu, nos deixou apreensivos.
_Pois é, estava tentando colocar a cabeça em ordem;
agora sei por que nesta vida nunca quis me envolver em romances.
_Bons rapazes se aproximaram de mim, porém algo me
dizia para não me envolver, pressentia que poderia sofrer.
_Agora sei de onde vem esse pressentimento.
_Meu subconsciente procurava me afastar de um possível
romance, exatamente por ter passado tudo que passei com a separação no passado.
_E como você está ? Perguntei.
_Dentro do possível, estou bem.
_Naquela vida perdi Juno, nesta perdi meus pais...
_Há coisas que são difíceis de entender.
Percebi que Lara não queria expor seus sentimentos,
não queria demonstrar fragilidade e tentava manter as aparências. Foi quando
sugeri que ela conversasse com Juno.
_Como assim ?
_Conversar com Juno ?
Lara pensou que eu estivesse falando do Juno Alexander,
o Juno do seu passado.
Juno Besik e ela não se conheciam.
O rapaz se ausentou durante quatro meses, após sua
regressão de memórias, foi para Santa Catarina a trabalho e somente agora
regressava.
_Sim Lara, conversar com Juno Besik, membro de nossa
equipe.
_Não se lembra de meu comentário ?
_Lhe falei que o destino havia reservado boas
surpresas para você.
_Em nossa equipe há alguém com o nome de Juno ?
_Sim.
_Nossa, que coincidência!
_Não é coincidência Lara, é fato; Juno Besik, membro
da nossa equipe é o mesmo Juno Alexander, o Juno do seu passado.
Nesse momento Lara emudeceu, ficou pálida.
Segurei-a pelo braço e levei até a cadeira, ela me
olhava incessantemente, como alguém que não acredita no que está ouvindo.
_Calma Lara, fique aí sentada, vou pegar um copo
d’água para você.
_Juno Besik também sentiu o impacto.
_Ele estava entre nós quando você fez a regressão de
memórias, mas saiu logo que o filme começou, perdeu o controle; para não
atrapalhar se evadiu da sala tão logo percebeu que sua história também era a
dele.
Lara trazia nesta vida alguns traços físicos do
passado: pele clara, cabelos loiros e olhos azuis, 1.68 de altura com
aproximadamente 62 kg.
_E agora ?
_O que devo fazer? Perguntou-me a moça.
_Fique calma, acho que vocês devem conversar,
aproveitem o momento é este.
_Vamos marcar o reencontro entre vocês, precisam conversar.
_Sugiro que assistam juntos aos filmes, saberá tudo
que Juno passou quando foi para a guerra e ele verá como foi sua vida sem a
presença dele.
_Caso prefiram, poderão assistir aos filmes aqui mesmo
no CEHPAT.
_Vou telefonar para ele e vocês conversam.
Assim os dois se reencontraram, conversaram bastante,
falaram sobre a experiência e os sentimentos desencadeados depois de reviver o
passado.
Acabaram se ajudando, os dois precisavam de apoio e
ninguém melhor que eles para se apoiarem.
A chama do antigo amor estava acesa, mas Lara
decepcionada ao saber que Juno estava noivo, achou melhor encerrar logo e
esquecer o assunto.
Um mês havia passado, Lara demonstrava determinação ao
dizer que não queria nada com Juno, seu coração parecia estar petrificado, mas
a verdade é que seu subconsciente continuava trabalhando para que ela não
voltasse ao sofrimento da vida passada.
Juno deixava claro para mim que não estava disposto a
perder a chance de reviver seu amor com Lara.
Passado quarenta e cinco dias de seu encontro com
Lara, Juno me procurou e disse que não havia mais nada entre ele e a noiva:
_Foi muito difícil tomar a decisão, mas eu não
conseguia ver minha noiva com os mesmos olhos, já não sentia por ela os mesmos
sentimentos; sabia que Lara não iria permitir minha aproximação se continuasse
noivo.
_Pensava em Lara vinte e quatro horas por dia; também
pensava na situação dela: sozinha, sem os pais, sem parentes, sem os amigos,
numa cidade que pouco conhecia, eu precisava fazer algo para ajudá-la.
_E sua noiva ?
_Como está ?
_Bem..., ela não entendeu e nem aceitou.
_Ela não acredita que o ser humano já teve outras
vidas, duvida da hipnose e de toda essa história.
_Você não a conhecia porque ela nunca quis comparecer
as nossas reuniões.
_Sua religião repele tudo que não seja ensinamento
bíblico.
_Essa sempre
foi uma grande barreira entre nós, muitas vezes chegamos a discutir, ela não
queria minha presença nas reuniões do CEHPAT, dizia que isso era coisa do
demônio.
_Quando terminei o noivado e me despedi desejando boa
sorte, suas últimas palavras foram:
_ Não lhe disse que aquilo é coisa do demônio ?
_Foi o chifrudo que nos separou, lhe disse que isso
iria acabar acontecendo.
_Saí sem lhe responder nada.
_Ela está telefonando todos os dias, até sua mãe ligou
em meu telefone...
_Sei que tomei a decisão correta, não tinha mais
sossego, minha ex-noiva já reclamava da minha indiferença; se o relacionamento
continuasse seria um transtorno para todos.
_A partir de agora o que pretende fazer ? Indaguei.
_Vou procurar a Lara, vou contar que me separei e
pretendo ficar com ela.
RECOMEÇANDO
Confiante Juno foi conversar com Lara, se acertaram e
o romance recomeçou.
Uma história interrompida pelo destino retomava seu
rumo anterior, mas Emília, ex-noiva de Juno não dava trégua, não se conformava
com a situação e jurara não desistir do Juno.
Os telefonemas eram constantes, quando ela não ia até
o trabalho do rapaz, ela o esperava na porta de sua casa. Muita discussão,
muita gritaria, ofensas, grosserias e ela não desistia.
A situação era extrema, Juno já não sabia o que fazer,
Lara procurava manter-se neutra, até o dia em que Emília a agrediu.
A partir daí a história tomou outro rumo: o que todos
evitavam, virou caso de polícia.
Emília atacou Lara com uma lâmina de aço ameaçando-a
de morte caso continuasse com Juno.
Todos foram envolvidos com a polícia, até mesmo os
pais da Emília. Daí para frente a moça foi obrigada a dar sossego ao casal.
Seis meses passaram, Juno e Lara trabalhavam para
comprar uma casa; cheio de sonhos, Juno era outro homem, tinha pressa em se
casar, agora sua vida era dedicada a seu amor.
Os dois participavam de todas as reuniões no centro de
estudos, ajudavam outros que nos procuravam.
Lara fazia bom trabalho, praticava o que aprendera
como psicóloga e hipnóloga.
Estávamos com uma ótima equipe, todos empenhados com
nosso centro de estudos, até que comecei a perceber Juno com problemas.
_Me diga o que está acontecendo Juno, é a sua ex ?
_Não, Emília há algum tempo não nos perturba; um
desses dias encontrei uma amiga dela que afirmou:
_Emília disse
que não desistirá nunca, que vocês dois vão pagar por tudo.
_Mas o problema não é ela, é entre eu e Lara.
_Aparentemente está tudo bem, minha família aprovou
nosso relacionamento e todos gostam da Lara, mas ela está muito diferente.
_Mas você diz diferente em relação a quê ?
_Em relação a nossa outra vida; quando era Natasha demonstrava
mais carinho, atenção, dedicação, hoje percebo que Lara tem um grande vazio,
parece que não senti o mesmo que eu, preciso ajudá-la.
_Acho isso extremamente normal Juno, existem muitas
diferenças entre a situação atual e a já vivida.
_Observe que naquela época vocês foram criados juntos,
existiu um grande tempo de convívio entre vocês, ela era feliz na totalidade,
tinha os pais, os irmãos, gostava da região onde vivia e outros fatores faziam
com que ela se sentisse melhor.
_Hoje a situação é totalmente adversa, você deve
atentar para esses detalhes; acredito que com o passar do tempo as coisas
melhorem.
_É, acho que você tem razão, terei mais paciência.
Juno e Lara casaram-se dois anos após terem se
reencontrado, entretanto Juno continua infeliz com a forma de ser da esposa.
Certa vez me contou que Lara continuava vazia, não
tinha planos para o futuro, não pensava em ter filhos, seu humor estava muito
longe do humor da Natasha, quase não conversava e a cada dia parecia mais
introspectiva, mergulhada num mundo distante, onde somente ela fazia parte.
Então sugeri que fossem viajar, fossem até a Rússia,
na cidade onde tudo começou: Troitsky.
_Leve-a até lá, o subconsciente dela tem que perceber
que tudo acabou, que nem mesmo Troitsky é a mesma, acredito que ela esteja
presa a sentimentos do passado.
_Sua mente está atrelada a situações que não existem
mais, seu subconsciente precisa tomar consciência dos fatos.
LUTANDO POR MUDANÇAS
Juno acatou a ideia rapidamente, entretanto demorou
algum tempo tentando convencer a esposa, então tive que dar o empurrão final convencendo-a
a ir e aproveitar para conhecer a família de seus pais.
Programaram férias, guardaram uma quantidade razoável
de dinheiro, mesmo porque a família dos pais de Lara morava em Oblast de
Vladimir, 200 km de Moscow e 1350 Km de Troitsky. Iriam tomar o avião até
Moscow, ficariam alguns dias em Vladimir, depois rumariam para Troitsky,
destino final.
Um ano após minha proposta eles partiram para a
Rússia.
Passearam pela região junto a família da Lara, tiraram
fotos, trocaram receitas entre a cozinha russa e a brasileira, conheceram muita
gente e voltaram.
Lara comentou que Troitsky havia mudado muito: do
povoado somente a capela ainda era a mesma.
A moça continuou fazendo contato com a família:
mandava e recebia email, fotos e conversavam via chat.
Seis meses se passaram, Juno me disse que a moça havia
se soltado um pouco mais, o contato com a família estava fazendo bem.
Agora ele pensava em ter filhos, mas Lara continuava
irredutível, não queria nem pensar.
_Nossa, quanta diferença entre Lara e Natasha.
_Natasha me falava o tempo todo em ter filhos e Lara é
totalmente o contrario. Reclamava Juno.
_Como pode uma pessoa alterar tanto a personalidade,
os ideais, os sentimentos ?
_Calma Juno, você disse que ela melhorou, continue com
paciência, com o tempo tudo encaixa.
_Sim, acredito nisso, porem o tempo passa muito
rápido, daqui a pouco estarei velho demais para cuidar de crianças.
Juno estava desconsolado, ele adorava crianças e
queria ter pelo menos três.
Emília de vez em quando se esbarrava com Juno, chegou
a propor que se tornassem amantes. Era lamentável o estado da moça: se afastara
da igreja e consumia bebida alcoólica em excesso. Estava magra, abatida.
A família fazia de tudo para ajudá-la, porem em vão;
era obsecada por Juno, seu egocentrismo estava ferido e não admitia derrotas.
As poucas vezes que a vi tentei ajudar; ficou apenas
na tentativa porque ela mal podia olhar em meu rosto.
Sabendo que Juno era meu amigo, também atribuía a mim
uma parcela de culpa pelo fim de seu relacionamento com o rapaz.
NOVAS ESTRATÉGIAS
Numa tarde gostosa de verão, Juno me ligou, pediu que
fosse até a casa dele.
_Venha pra cá, preciso falar com você; ainda tenho
duas garrafas de stolichnaya, a melhor vodka russa. Vamos tomar algumas puras
com gelo.
Juno havia se formado engenheiro espacial e trabalhava
no INPE – São José dos Campos.
Cheio de ideias me perguntou se eu já tinha ouvido
falar em buraco de minhoca.
Achei engraçado e respondi que sobre minhocas eu só
sabia daquelas usadas para pescar.
_Não brinque, estou falando sério!
_Sim, certa vez li um artigo ligado a teorias
espaciais que descrevia o assunto, respondi.
_Pois é, quero lhe falar sobre ideias que me passam a
cabeça.
_Essa teoria é forte e vou explicar em detalhes:
_Sabendo que é impossível para qualquer matéria
deslocar-se a velocidade da luz sem que haja grandes modificações, cientistas
do mundo todo tem como teoria o buraco de minhoca ou buraco de verme.
_A teoria diz que os buracos de minhoca formam atalhos
entre espaço e tempo, o que se torna fundamental para percorrer distancia astronômica
em fração de segundos.
_Para deslocar-se através do espaço, de galáxia em
galáxia, por meio convencional, mesmo que fosse na velocidade da luz, percorreria
uma parte insignificante do universo, mesmo que voando durante toda sua vida,
minuto a minuto sem nunca parar.
_Daí vem a teoria de que extraterrestres criam e usam
os buracos de minhoca para se deslocar entre as galáxias.
_O termo buraco
de verme foi criado pelo físico teórico estadunidense John
Wheeler em 1957.
_Todavia, a ideia dos buracos de verme já havia sido
proposta em 1921 pelo matemático alemão Hermann Weyl, em conexão com sua
análise da massa em termos da energia do campo eletromagnético.
_Na verdade concluo que o buraco de verme não é um
atalho que manipula o espaço e sim o tempo.
_Você se desloca no tempo e não na distancia.
_Ele é a chave para você entrar numa quinta dimensão e
manipular o tempo.
_Esta bem Juno, a teoria é interessante, mas onde você
quer chegar ?
_Caso essa teoria seja mais que apenas uma teoria,
então através do buraco de minhoca poderemos manipular o tempo. Se posso entrar
numa nave e me deslocar até o futuro, criando um atalho no tempo, então também
posso regredir no tempo.
_E então..., perguntei.
_Então, caso eu consiga manipular o tempo, voltarei a
Troitsky em qualquer época antes de minha morte.
_Essa ideias fogem ao raciocínio e meta do nosso
centro de estudos, mas nada impedi que você trabalhe seu ideal e desenvolva
nova tecnologia.
_No norte do Japão há um cientista chamado Kurusawa;
há anos ele estuda o assunto.
_Já estou fazendo contato com ele para saber até onde
chegou.
_Na região onde mora, é tido como louco; é um senhor
aposentado que não tem respaldo do governo para desenvolver o trabalho. Penso
em ajudá-lo.
A principio achei que aquilo era uma fuga que Juno encontrou
para contornar a grande frustração que vivia.
Entretanto, com o passar do tempo percebi que Juno
realmente levava a sério a ideia. Recebia grande apoio dos profissionais onde
trabalhava, pois a equipe também acreditava na teoria.
Após muitos contatos com o Sr. Kurusawa, financiado
pelo governo brasileiro, ele e um interprete voaram para o Japão.
Passados 15
dias estavam todos de volta e traziam o japonês.
Dentro do INPE o japonês era o mais novo integrante da
equipe.
Um ano e meio havia passado, muitas dificuldades
estavam sendo removidas, Juno sempre me contava sobre o desenvolvimento do
trabalho; agora eram raras as vezes que ele comparecia ao centro de estudos.
Lara já reclamava a ausência do marido que muitas
vezes chegava em casa após a meia noite.
A equipe estava próxima de conseguir iniciar testes,
Juno estava impaciente, demonstrava estar trabalhando contra o tempo, até que
um dia chegou e me disse:
_Estou indo para a China.
_China ?
_Vai trazer mais um membro para a equipe ? perguntei.
_Sim, vou tentar.
_Fiquei sabendo do Sr. Liu, cientista e pesquisador
que reside no norte da China.
_Ele trabalha em projeto parecido, não exatamente com
o mesmo projeto, mas será muito útil para o desenvolvimento do nosso.
Juno voou com um interprete e na China permaneceu por 20
dias; não poderia trazer o Sr. Liu, mas negociou a compra de determinado
aparelho que o chinês havia desenvolvido.
Era tudo que o nosso engenheiro precisava, ele estava
vibrando, sabia que algo estava para acontecer, até que passado oito meses ele
anunciou:
_Agora vamos começar os testes, conseguimos construir
a MDT-FP001. Será usada para deslocamento no espaço e tempo, poderemos passar
de uma galáxia a outra num piscar de olhos.
_Mas eu particularmente, como lhe falei, continuo
outros testes; quero usá-la para voltar no tempo.
No dia seguinte a equipe foi para a Barreira do Inferno,
em Parnamirim - Rio Grande do Norte.
Colocaram a máquina no espaço alcançando o objetivo, a
máquina entrou na galáxia de Andrômeda, filmou, fotografou e voltou em questão
de minutos.
A comemoração foi imensa, Juno foi promovido gerente
geral do departamento de engenharia espacial.
NA MÁQUINA DO
TEMPO
O casal estava feliz, Lara estava orgulhosa do marido,
mudaram-se para uma ampla chácara, desfrutando de todo conforto que o dinheiro
pode comprar, mas o problema do Juno não era material: estava obcecado pela
ideia de resgatar a antiga companheira Natasha.
Mais um ano de testes e Juno concluiu o trabalho,
agora a máquina estava adaptada para também regredir no tempo.
A máquina foi programada para voltar ao ano de 1889,
no mês de janeiro, na região de Troitsky, Rússia.
A missão seria levar um animal, filmar e fotografar o
ambiente. Esse seria o primeiro teste de regressão no tempo da MDT-FP001.
Novamente a equipe teve êxito: o animal voltou intacto
e as fotos vieram como Juno havia visto quando fez sua regressão de memórias.
Fotos do passado.
Não faltava mais nada para Juno atingir seu objetivo
que até agora era mantido em suspense. Não sabíamos exatamente o que ele
pretendia.
Então, numa tarde de segunda-feira, o nosso ilustre
engenheiro foi até o centro de estudos e nos convidou à ir até o INPE, onde
testemunharíamos uma grande façanha.
Novamente o suspense estava no ar.
Eu, Lara e os 14 membros principais do centro de
estudos estávamos sendo convidados a estar diante da máquina na próxima
sexta-feira.
Nem mesmo Lara sabia exatamente quais eram as
pretensões do marido.
Chegamos no INPE as 8:00 horas, seguimos direto ao
angar onde a equipe criadora da máquina nos aguardava.
Para aumentar o suspense, Juno estava vestido como
camponês, exatamente como Juno Alexander se vestia.
Quando o viu Lara emudeceu.
Quieta tentava descobrir o que ele pretendia; até que
falou:
_Juno, você não está pensando em entrar na máquina,
está ?
_Sim, voltarei no tempo, exatamente na época e local
onde vivemos. Irei conversar com você.
_Mas isso é loucura, replicou Lara.
_Não, não é, estamos seguros de que dará certo,
fizemos todos os testes necessários. Respondeu Juno.
Sentado ao lado da máquina, tranquilamente, com olhar
confiante, estava o Sr. Kurusawa.
A máquina foi ligada, Juno beijou a esposa e partiu em
busca de seu sonho.
Em uma grande tela observamos quando a MDT-FP001 pouso
no solo russo.
Quatro filmadoras, colocadas no alto da máquina,
mandavam as imagens que agora víamos na tela.
Silencio absoluto, o gerente geral do INPE estava
sentado a meu lado. A equipe estava tensa.
A porta abriu e Juno desceu, a visão era
inacreditável, um homem havia voltado no passado e as imagens chegavam até nós
em tempo real.
A máquina parou a uma boa distância da casa do Juno
Alexander, seu objetivo era o de não assustar ninguém.
Após alguns minutos de caminhada, não mais vimos o
Juno Besik.
As horas passavam, começamos a ficar inquietos, um
lanche nos foi servido; ao meio dia fomos chamados para o almoço, mas ninguém
queria sair da frente da tela, então funcionários improvisaram rapidamente e o
almoço foi servido ali mesmo.
Atentos, percebemos que começava a escurecer.
Lara estava impaciente, não tirava o olho da tela; ao
mesmo tempo em que observava o local, relatava lembranças que aos poucos
chegavam à mente.
Escureceu e Juno não voltava; já havia duas horas de
escuridão. Lara pediu calmante, estava transtornada.
A equipe não escondia a impaciência. O diretor geral
chamou a equipe em particular, conversaram durante 30 minutos e voltaram.
A alegria tinha dado lugar à apreensão, reinava silencio
total quando vimos algo brilhante que se aproximava.
Víamos a silueta de duas pessoas que se aproximavam. Era
Juno e trazia uma mulher com ele.
Entraram na máquina e em fração de segundos estavam a
nossa frente.
Nova emoção inundou a todos, Juno trazia Natasha.
A moça demonstrou medo e espanto.
Olhava para nós como se fossemos alienígenas.
Logo foi servido lasanha e frutas para os recém-chegados.
A equipe estava atônita, também olhavam para ela como
se olhassem para um ser de outro mundo. Comentavam a grande proeza: trazer uma
pessoa do passado ao presente.
Analisando pelo ponto de vista espiritual, estávamos
diante de algo único, estava havendo um desdobramento espiritual.
Lara e Natasha, a mesma pessoa, porem ocupando corpos
distintos.
Indagado por Lara, Juno explicou o motivo da demora:
_Encontrei-me com Natasha às escondidas, a convenci que
deveria me acompanhar a uma viagem ao futuro, mas ninguém poderia saber.
_Então fui obrigado a esperar todos deitarem para
retirar a moça. Devo levá-la de volta antes que a família acorde.
Então Lara perguntou:
_Mas qual seu objetivo em trazer Natasha até aqui ?
E Juno respondeu:
_Sei que todas as experiências da Natasha ficarão
registradas no subconsciente. No passado o subconsciente é da Natasha, mas no
presente é seu Lara, então quero que Natasha registre esses fatos para que você
tenha a história em seu subconsciente.
_Não sei se podemos alterar os fatos da vida de
Natacha e Juno Alexander, mas sei que tudo que Natasha está vivendo, está sendo
gravado em sua mente, então, consequentemente, mesmo que não possamos alterar
os fatos que ainda ocorrerão na vida da Natasha, poderemos alterar sua maneira
de pensar e sentir. Assim Lara, suas características atuais poderão alterar.
_Concluindo, alterando a mente da Natasha estarei
automaticamente alterando a sua mente.
Por falarem a língua russa, somente Juno e Lara entendiam
o que Natasha dizia. Era interessante observar as duas, frente a frente,
passado e futuro, as duas se observando, conversando, se tocando, demonstrando
sentimentos de amor. Ambas tinham o mesmo tom de voz.
Apesar de toda situação, Natasha se mostrava mais
desinibida, mais alegre que Lara, pude perceber que Juno tinha razão de querer
de volta a sua Natasha.
Até a diferença de humor entre elas era perceptível;
Natasha falava mais e ria mais. Observei esse detalhe quando os três começaram
a rir.
_De que estão rindo Juno ? Perguntei.
_Estamos rindo porque Natasha falou para Lara que o
Juno dela é mais bonito.
_Eu respondi que ele só é mais bonito porque tem 19
anos.
Jantamos e continuamos a conversa, ninguém queria ir
embora. Juno resumiu para Natasha todo o motivo do evento, porém não comentou
sobre a morte de Juno Alexander e nem sobre a vida difícil que teria.
Já era 22:00 horas quando Juno resolveu que deveria
levar Natasha de volta ao passado.
Explicando que Natasha deveria preparar Juno Alexander
para a mesma viagem, Juno Besik a entregou seu relógio.
O objeto deveria servir como prova do que Natasha iria
relatar ao rapaz.
Lara abriu a bolsa, retirou uma grossa corrente de
ouro, abriu a mão da Natasha e disse:
_Guarde com carinho.
Natasha se despediu e junto com Juno voltou para o
passado.
Marquei uma reunião com o grupo do CEHPAT para
estudarmos o fenômeno que havíamos presenciado.
Agora tínhamos mais um membro no centro, o gerente
geral do INPE.
Chegamos à conclusão de que presente, passado e futuro
não estão ligados ao fator época e sim ao fator tempo, que até então o homem
não conseguia manipular.
Outro fato destacado foi o do desdobramento
espiritual: o mesmo espírito vivendo em corpos distintos e época diferente.
Porém ficou uma questão no ar: poderíamos alterar algo
que ficou no passado ?
Essa questão foi levantada por Juno, que já pensava em
alterar o destino do Juno Alexander.
Resolvemos que deveríamos começar a estudar os fatos.
Juno relatou que sentiu uma grande mudança na Lara:
_Depois do contato direto com Natasha, Lara esta mais
extrovertida.
Mas será que algo havia mudado nas memórias do
subconsciente da Lara ?
Será que submetida à nova regressão de memória, poderíamos
observar os fatos que acabaram de ocorrer ?
Era um grande ponto de interrogação, nossa equipe
nunca tinha tido fatos como esse; acreditamos serem únicos em toda a história
da humanidade.
Uma reunião foi marcada, Lara iria se submeter à nova
regressão de memórias.
A experiência aconteceu uma semana após a viagem no
tempo.
Lara foi atrelada ao decodificador de ondas cerebrais,
as memórias do subconsciente foram voltadas na data em que Natasha fez a viagem
ao futuro.
Então tivemos as imagens do momento em que Juno a
convencia sobre a viagem para o futuro.
Pudemos ver nossa reunião no INPE através dos olhos da
Natasha, vimos e ouvimos.
A transferência de memórias do subconsciente da
Natasha para Lara foi automática; enxergávamos Lara sentada à frente da
Natasha. Víamos todos que Natasha viu, só não a vimos porque era ela que servia
como filmadora. Juno tinha razão, tudo já estava registrado no subconsciente da
Lara.
O tempo passou.
Encontrei Emília sentada na calçada, no centro da
cidade; muito magra, estava suja e alcoolizada.
Me bateu uma grande tristeza, as coisas poderiam ser
diferente se ela não fosse tão teimosa e imatura.
Não aceitava ajuda e não se conformava com o destino.
Agora o Sr. Kurusawa morava dentro da chácara do Juno
e integrara-se a colônia japonesa local.
Não participava ativamente das nossas reuniões porque
não entendia nossa língua, mas às vezes ia até nós junto com Lara.
Em brincadeira, Juno disse que iria arrumar uma esposa
para ele.
_Acho ótima ideia Juno, traga uma legítima, direto do
Japão. Repliquei.
Juno tinha construído um bangalô dentro da chácara
para o Sr. Kurusawa morar e ter mais privacidade.
MAIS UM PASSAGEIRO
DA MDT-FP001
Agora Juno Besik queria saber se poderia alterar a
história do Juno Alexander.
Pretendia resgatá-lo no momento em que sairia para a
guerra.
Na data correta Juno Besik entrou na máquina indo a
procura dele mesmo, num passado distante.
Novamente a mesma equipe acompanhou o desenrolar da
história.
No momento exato, Juno Besik pousou a aeronave no
caminho que Juno Alexander faria ao apresentar-se para o governo russo.
Aguardou alguns momentos e logo o rapaz surgiu.
Juno Alexander, através da Natasha, sabia que seria o
próximo a entrar na máquina.
O rapaz demonstrava receio, mas após breve conversa
entrou na aeronave, viajando para o futuro.
Ao ver o rapaz descendo da aeronave, Lara ficou
emocionada, lembrou-se do filme da sua vida.
Juno Besik apresentou todos ao rapaz e falou sobre
Lara.
Saindo do INPE, fomos direto ao CEHPAT.
Juno explicou que a ideia agora era manter Juno entre
nós até que a guerra acabasse. Depois levaria o rapaz.
Dentro do possível explicamos para Juno Alexander que
ele não poderia voltar, mas o rapaz fez uma colocação muito pertinente:
_Se fizerem isso, futuramente serei caçado e morto como
desertor.
Juno Alexander tinha razão, então ficou resolvido que
os dois voltariam no passado e o rapaz deveria encontrar Natacha. Ela seria
orientada a conversar com os pais do Juno.
Caso agentes do governo viessem procurar Juno, eles
deveriam dizer que o rapaz foi morto por lobos.
Natasha também deveria relatar que o rapaz estava bem,
que teria ido para muito longe, teria ido para o norte da Rússia e voltaria
quando a guerra acabasse.
Então nasceu nova discussão entre nosso grupo: até
onde poderíamos alterar o passado ou mesmo o destino.
A ideia do Juno Besik era a de facilitar as coisas e
evitar a morte do Juno Alexander, para que Natasha não tivesse uma vida
infeliz, para que suas características emocionais não fossem alteradas.
Assim Lara continuaria com as características da
Natasha que ele havia conhecido, e não da Natasha amarga, transformada pela tristeza
e sofrimento.
Juno Alexander estava maravilhado com a cidade grande,
com os veículos, tecnologia, alimentação, vestuário e tudo mais.
Queria conhecer os instrumentos musicas, a nossa
dança, nossa música. Já estava até falando palavras do nosso português. A
televisão e os DVDs foram os que mais lhe chamaram a atenção. Refrigerante ele
tomava a todo o momento, só reclamava do clima quente.
Um mês passou, então Juno Besik resolveu voltar com
Juno Alexander até o passado, os dois queriam saber sobre a situação local.
Na aeronave programaram a data para 28 de dezembro de
1889.
Chegaram durante a noite, Juno Besik ficou aguardando
enquanto Juno Alexander foi procurar a amada.
Alguns minutos passaram, até que Juno Alexander chegou
com Natasha.
A moça estava contente em ver o amado, entretanto as
notícias não eram boas.
Ela contou que em fevereiro, agentes do governo
chegaram à aldeia procurando Juno, fizeram como foi combinado, contaram que o
rapaz havia sido comido por lobos, mas foi tudo em vão.
Torturaram o pai do Juno para que contasse a verdade,
como ele sempre repetia a mesma coisa, resolveram levar o velho para a guerra,
substituindo Juno.
No final de abril trouxeram o corpo. O pai do Juno
estava morto.
A mãe do Juno chorou dia e noite até adoecer, agora debilitada,
estava na cama, a febre não cessava, alimento não parava no organismo; a
família passava fome.
A situação só não era pior porque os pais da Natasha
estavam ajudando.
Juno Alexander estava transtornado, pediu ao Juno
Besik que desfizesse o que havia feito.
_Está bem, respondeu Besik.
_Entre na aeronave.
Besik programou a máquina para voltar ao dia que
resgatou Alexander, voltaram no tempo e lá o deixou a caminho da guerra.
Juno Besik estava desolado, se afastou do grupo por
várias semanas.
Lara nos disse que Juno pouco falava, chegava do
trabalho e isolava-se no escritório, por horas ele ficava olhando para o nada.
Somente pensava, queria encontrar uma saída.
Sua esposa apresentou aparente melhora, mas filhos ela
não queria nem pensar.
Num fim de semana fui até a chácara do casal e chamei
Juno em particular.
Disse-lhe para esquecer a ideia, disse-lhe que nossa
vida é traçada por Deus e tudo tem um por quê.
_Se o seu problema é ter filhos, peça a Lara que faça
um tratamento terapêutico, ou mesmo usando a hipnose, use os meios normais,
faça uma parte e deixe a outra para Deus. Caso Ele queira que tenha filhos,
terá, acredite e acalme seu coração.
_Sim, concordo com você, mas o tempo passa, daqui a
pouco eu é que não vou querer filhos.
_Também não posso desistir perante o primeiro
obstáculo, preciso ajudar Alexander e Natasha.
Besik já tinha outro plano.
Me levou para dentro de casa, abriu o fundo falso de
um baú e retirou duas barras de ouro.
_Agora só preciso de mais duas, daqui a um mês terei o
que falta.
_E qual é o plano agora ?
NOVA
ESTRATÉGIA
_Voltarei no passado, antes de me chamarem para a
guerra.
_Darei duas barras de ouro para cada família e pedirei
a eles que saiam da região, que vão morar bem longe, que vendam as terras e
tudo que tem.
_Com o dinheiro das propriedades e o ouro, poderão ir
para bem longe, Juno ficará fora da guerra.
_Será que vai funcionar ? Perguntei.
_Não sei, mas preciso tentar.
Novamente Besik voltou no tempo, época em que
Alexander tinha dezessete anos.
Chegou como camponês; escurecia e Alexander estava
sozinho na lavoura; chamou o rapaz, lhe deu as quatro barras de ouro, o
instruiu para que convencesse as famílias e foi embora.
No dia seguinte Juno me procurou dizendo que Lara
havia acordado em crise nervosa.
_Lara está transtornada, acordou com falta de ar,
fomos a clinica médica, segundo o médico ela não tem nada, o problema é
emocional.
_Receitou calmante e nos mandou embora.
_Acho que algo deu errado em meus planos.
_Quero lhe pedir um favor, me coloque em transe
hipnótico e descubra o que houve.
No mesmo dia atrelei o decodificador no Juno, o
coloquei em transe hipnótico, fiz meu trabalho.
Realmente tudo deu errado nos planos de Juno Besik:
Como ele queria, as famílias venderam as propriedades,
arrumaram-se em caravana e sairão em viagem.
Quando estavam perto do destino, foram saqueados.
Roubaram todo dinheiro e o ouro das famílias.
Para sobreviver foram trabalhar como colonos de uma
fazenda.
Passaram fome e muita humilhação. Trabalhavam 16 horas
diárias e muitas vezes não recebiam.
Alexander ficou livre de ir para a guerra, porem
morreu confundido com ladrão.
Não foi preciso fazer regressão de memórias com Lara
para saber como foi sua vida, mas já entendíamos o motivo de seu descontrole
emocional.
Novamente Juno Besik teria que desfazer o mal feito.
Voltou no tempo, pegou as barras de ouro e mandou que
o rapaz esquecesse o que havia acontecido.
Percebendo a piora da situação a cada vez que tentava
acertar, Besik desistiu.
Insisti que ele tratasse Lara pelos meios
convencionais, tentei fazer com que percebesse que ela estava bem, que se
conformasse com a situação dela não querer ter filhos.
_Perceba Juno que nem todo problema está no passado,
parte está lá e outra aqui. Lara sofreu muito com a morte dos pais, ficou
desamparada, insegura, nem mesmo tinha com quem dividir sua dor.
_É verdade, você tem razão, vou trabalhar a vida da
Lara, com certeza haverá uma grande melhora.
Novamente Juno achava que poderia mudar os fatos,
agora queria evitar a morte dos pais da esposa.
Conversou com Lara e a convenceu que poderia evitar o
acidente.
Lara aceitou a ideia do marido e Juno voltou no tempo.
Na tarde anterior ao acidente, Juno entrou na garagem,
arrombou o carro e causou um curto circuito impossibilitando que o veículo
saísse.
Novamente percebemos que algo teria dado errado; Lara era
o termômetro das experiências do marido, estava ainda pior, mergulhou nos
calmantes.
HÁ MALES QUE
VEM PARA O BEM
_Preciso de você novamente, Lara está mal, algo deu
errado, preciso saber o que mudou na história.
_Está bem Juno, vamos de volta à hipnose.
Coloquei-o em transe e dei a ordem:
_Volte ao momento em que conheceu Lara, relate o que
sabe sobre ela.
_A conheci quando veio à casa de meus pais pedindo
emprego como doméstica.
_Mas ela não é psicóloga ? Perguntei.
_Sim, mas não consegue trabalho.
_E os pais dela ?
_Morreram com leucemia, câncer no sangue.
Novamente Juno havia complicado a situação.
Evitou a morte do casal no acidente, não sabia que os
dois estavam em caso avançado de câncer.
Gastaram o que tinham no tratamento da doença, quando
o dinheiro acabou, Lara vendeu a casa para continuar o tratamento, foram morar
em casa alugada, o dinheiro da venda da casa acabou, pouco tempo depois o casal
morreu.
Lara não podia sair para procurar emprego, cuidava o
tempo todo dos pais. Acompanhou a evolução da doença minuto a minuto, o longo
sofrimento do casal foi traumático para a moça que sofria junto, assim foi até
o último dia.
Lara não teve dinheiro nem mesmo para fazer o enterro.
Logo após a morte dos pais Lara veio para nossa cidade
através de um anúncio de emprego, mas não deu certo. Agora ela não tinha
dinheiro nem mesmo para voltar à São Paulo.
Dormiu na rua por duas noites, passava fome quando
bateu na casa dos pais do Juno.
Pediu emprego para trabalhar como doméstica e sair da
rua.
No intervalo de tempo entre a saída de São Paulo e
procura de emprego, a casa foi arrombada, tudo que Lara tinha foi roubado,
deixaram somente paredes.
Juno gostou da moça, mandou que ela fosse dormir no
quarto dele, ele passou a dormir na sala.
A história havia tomado rumo bem pior.
O nosso teimoso engenheiro teria que desfazer tudo.
Voltou no tempo na mesma data que causara dano no veículo,
bateu na porta, Lara saiu para atender, então Juno entregou-lhe razoável
quantia em dinheiro, dizendo que seu futuro marido havia mandado entregar.
_Não estou entendendo, quem é você ?
_Sou seu futuro marido, logo nos encontraremos e
cuidarei de você.
_Ore bastante, fale com Deus, aceite tudo que
acontecer. Deus sabe o que faz e está em sua vida.
_Esta noite, se sua intenção é a de sair, não saia,
fique com seus pais, converse bastante com eles, pergunte sobre o passado
deles, da família, do que gostavam de fazer quando estavam na Rússia, fotografe
o casal, filme, fique o máximo do tempo que puder ao lado deles, nunca sabemos
o que acontecerá no dia de amanhã, concorda comigo ?
_Mas quem é você ?
_Como sabe que somos russos ?
_Meu nome é Juno, Juno Besik. Logo nos veremos, guarde
bem esse dinheiro, precisará dele num futuro próximo.
Juno saiu em direção à máquina que estava sobre um
terreno próximo.
_Volte Juno, quero conhecê-lo melhor.
_Não Lara, não quero mudar a história.
_Como sabe que me chamo Lara ?
_Um dia lhe conto, fique com Deus, estou lhe
esperando.
_Esperando onde ?
_Fique tranquila, me encontrará.
Juno entendeu que quando Deus permitiu o acidente dos
pais da moça, havia evitado o sofrimento do casal e da própria Lara.
Dias depois Juno me ligou:
_Cara! Impressionante... , como Lara mudou, está bem
melhor.
_Os fatos realmente mudaram, até mesmo nosso primeiro
encontro foi diferente.
_Tenho gravado em áudio, relatado por mim mesmo, como
foi nosso primeiro encontro e esse encontro não existe mais, deu lugar a outro
encontro, outra situação.
_Agora a história é diferente, me recordo de outra
situação que não é a mesma que relatei no áudio.
_Nesse segundo primeiro encontro, quando você nos
apresentou, Lara me olhou e disse:
_Você está incrivelmente mais jovem, o que fez ?
_Plástica ?
_Eu o conheço e
estava lhe procurando.
_Se lembra de mim ?
_Você é meu futuro marido, acertei ?
Eu sorri sem saber o que dizer, falei que sim.
Lara estava eufórica, não parava de falar:
_Um dia após sua aparição em minha casa, meu pais
morreram, eles saiam de casa para fazer tratamento do câncer quando o carro foi
fechado por um caminhão, bateram num poste.
_Adorava meus pais, perdi o chão, não sabia o que
fazer, a casa ficou insuportavelmente vazia, não conseguia permanecer sozinha
no ambiente.
_Então me lembrei de você, lembrei-me de tudo que falou,
o dinheiro que me deu ainda estava em minha bolsa, guardava para ajudar no
tratamento da doença dos meus pais.
_Pensei em Deus e acreditei que você foi o anjo que
Ele colocou em minha vida.
_Pensando em suas palavras e acreditando na promessa de
que você seria meu marido, resolvi procurá-lo.
_Apesar de abatida sabia que havia alguém me esperando,
isso fez a grande diferença naquele terrível momento de minha vida.
_É, foi isso mesmo. Comentei.
_Ainda bem que você gravou o áudio do primeiro
encontro anterior, pois você mudou novamente os fatos.
_Já não me lembro de como havia sido o encontro
anterior de vocês. Lembro-me apenas do que você acabou de relatar.
_Depois quero ver a gravação que fez em áudio do
primeiro encontro e comparamos com esse que agora temos em mente.
Achei o fato
interessante, novo desdobramento espiritual havia acontecido:
Você que está lendo este livro, acompanhando esta
história, consegue perceber a importância científica desse fato ?
No mesmo instante que Juno jovem estava em algum lugar
de nossa cidade, Juno engenheiro estava em São Paulo conversando com Lara ainda
jovem.
Quando Juno voltou no tempo para levar o dinheiro, já
era um homem maduro, foi esse homem que Lara viu.
Entretanto naquela época Juno ainda cursava a
faculdade, era um jovem no último ano de engenharia.
As memórias do Juno jovem não guardaram o encontro com
Lara, porque não foi ele que esteve lá e sim o Juno engenheiro.
Lara se lembrou do Juno maduro na porta de sua casa
quando se deparou com o Juno jovem, mas o Juno jovem não sabia de nada, não se
lembrava de nada.
Juno provocou toda a situação e depois não se lembrava
de nada.
Toda equipe estava contente com a mudança radical da
Lara, só não falava em ter filhos, isso era um pesadelo para Besik.
Juno também era compositor e tecladista, não tinha
muito tempo para praticar, somente em algumas noites que chegava mais cedo do
trabalho ou nos finais de semana.
Mas agora era um momento especial, então o engenheiro
sentou-se ao teclado e compôs uma música para agradecer a Jesus o que havia
acontecido em sua vida. A música ele dedicou a esposa dizendo que aquela seria
a música da vida dos dois. Deu à canção o nome de Balada Para Uma Estrela
Chamada Jesus.
A TROCA DE
PERSONALIDADE
O tempo passou, um dia Juno me procurou perguntando se
eu tinha alguma ideia para fazer com que Lara tivesse a mesma vontade que
Natasha tinha de ser mãe.
_Tenho sim.
_Há tempos, quando você andava desvairado procurando
solução, reuni nossa equipe para discutirmos o caso.
_Na época foi cogitada a possibilidade da
transferência parcial da personalidade da Natasha para Lara.
_Como faríamos isso ?
_É simples:
_Colocamos Lara em transe hipnótico; usando a
regressão de memórias trazemos por minutos ou no máximo uma hora, a
personalidade da Natasha.
_Então naquele momento, se alguém lhe perguntar seu
nome ela dirá: me chamo Natasha.
_Reviveremos a mente da Natasha no consciente da Lara.
_Ela andará, falará, pensará e terá atitudes da
Natasha, nesse breve tempo de transe hipnótico ela pensará que é Natasha porque
estará revivendo a personalidade da Natasha.
_Assim automaticamente ela estará transferindo sua
personalidade para o consciente da Lara.
_Está bem, se Lara permitir, assim faremos. Respondeu
Juno.
Com a permissão da Lara, iniciamos o trabalho.
Reunimos a equipe, a colocamos em transe hipnótico,
mas não a atrelamos ao decodificador de ondas cerebrais, nosso objetivo era
outro, não queríamos estudar a vida anterior da Lara.
Regredimos a memória da Lara para época em que era
Natasha e tinha 18 anos.
Nessa época Lara ou Natasha, era uma sonhadora,
esperava Juno voltar da guerra, queria casar-se e ter um monte de filhos.
Ainda em transe hipnótico dei-lhe a ordem:
_Agora vou contar até três e você vai abrir os olhos,
se levantar, vai observar tudo, o ambiente, as pessoas, o tempo, o clima e tudo
mais, saberá que está viajando no tempo e não sentirá medo, sentirá todas as
emoções, menos o medo.
_Um, dois, três, pode abrir os olhos e se levantar.
Orientamos Juno a dar-lhe toda atenção e falar sobre
os sonhos da moça.
Passado trinta minutos de transe terminamos a sessão.
Juno foi orientado a repetir o episódio todos os dias
em sua casa. Acreditávamos que o trabalho repetitivo influenciaria na
personalidade da Lara.
Com a continuação do trabalho, coisas interessantes
continuaram acontecendo:
Tínhamos razão em relação a possível transformação da
Lara, já havia passado seis meses de tratamento, ela estava mais alegre,
comunicativa, risonha e já falava na possibilidade de ter um casal de filhos.
Ao mesmo tempo ocorria um fenômeno que não
esperávamos:
Depois de quatro meses de tratamento, Natasha não mais
estranhava o ambiente, as pessoas e a situação.
Também passou a enxergar Juno Besik como Juno
Alexander. Andavam de mãos dadas e se beijavam como no passado.
Juno que sempre foi bom observador relatou os fatos em
uma das reuniões na sede do CEHPAT.
Obviamente sempre tem alguém com humor sagaz, então comentaram:
_O que está acontecendo em sua vida é bigamia, você
pode acabar sendo preso Juno, ah, ah.
Mas a verdade é que Juno tinha uma esposa que trocava
de personalidade, ora Natasha, ora Lara.
A vida continuava porem nem tudo eram boas notícias.
Ficamos sabendo da morte do Sr. Liu, o chinês que forneceu o equipamento
essencial para a MDT-FP001.
Também soubemos que Emília estava usando drogas
pesadas; seu envolvimento com traficantes e bandidos fazia dela uma pessoa
perigosa.
O INESPERADO
Nosso engenheiro cientista espacial estava radiante
com a mudança da esposa.
Felizes mais do que nunca, Juno e Lara agora faziam
planos para terem filhos.
Ela estava bem, nos ajudava muito no CEHPAT, nunca
deixou de dar atenção aos que nos procuravam; sempre disposta, sempre sorrindo,
solucionando problemas e participando dos estudos.
As experiências que envolveram Lara e Juno muito nos
enriqueceram, abriu portas para novos estudos e entendimentos.
Nunca ouvimos Lara dizer: não posso, não tem jeito,
não dá, por pior que fosse o caso ela lutava até atingir o objetivo.
Logo depois do tratamento Lara descobriu que estava
grávida, nos deu a noticia com grande alegria:
_É o que Juno sempre quis, agora também quero.
O marido não cabia em si de tanta alegria. Preparou
uma festa na chácara com serviço de Buffet, cantores e músicos. Foram dois dias
de festas, Juno abriu a comemoração tocando a música Balada Para Uma Estrela
Chamada Jesus.
Ele continuava trabalhando em pesquisas avançadas,
estava contente com o trabalho e com a equipe.
Construíam um centro de lançamento próximo ao INPE, em
breve não mais precisariam da Barreira do Inferno.
Apesar do sucesso da equipe, no momento estavam diante
de um grande problema: o equipamento construído pelo Sr. Liu havia estragado,
não havia como substituí-lo, a tecnologia havia sido ocultada pelo chinês.
Teriam que fazer engenharia reversa para estudar o
sistema e tentar construir outro.
Juno disse que o trabalho iria requerer alguns anos.
Seis meses se passaram, Juno comparecia ao CEHPAT ao
lado da esposa barriguda, desfilando como rei; ele também se transformou
radicalmente, estava feliz com a vida que tinha, as paranoias acabaram, não
queria mais mexer no passado e vivia intensamente o presente.
O quarto do bebe estava pronto, a cada dia Juno
comprava algo diferente para a futura criança.
Lara reclamava dizendo que não havia mais espaço no
quarto.
Tudo ia bem até que os ventos da desgraça sopraram na
vida do casal:
Ela estava no oitavo mês de gravidez quando Juno
chegou à chácara e a encontrou agonizando com várias perfurações de faca.
Imediatamente levou-a ao hospital, tudo em vão, antes
de chegar ela faleceu. A criança, uma linda e grande menina nasceu, porém tinha
sido atingida pelos golpes da arma e também morreu.
Imagens das câmeras instaladas na residência
denunciaram a autoria da barbaria; investigações iniciaram, a polícia logo
descobriu que foi Emília a executora do duplo assassinato.
Juno precisou ser internado, ficou 45 dias na clinica
mantido a base de fortes calmantes.
Ainda na clínica, quando fui visitá-lo, relatou que
quando saísse do tratamento, iria trabalhar, construir o equipamento
necessário, voltar no tempo e matar Emília, evitando que ela praticasse o
assassinato.
Nosso engenheiro estava alucinado, acabado, faziam seis
meses que trabalhava sem descanso, mas sua mente não mais funcionava, não
conseguia se concentrar, a todo momento entrava em crise. Foi afastado do
trabalho.
Vendeu a chácara, comprou uma casa na cidade para o
Sr. Kurusawa, seu grande amigo, então passou a morar com os pais. Um ano da
morte de Lara havia passado.
Ficamos sabendo que Emília fora assassinada na
penitenciária, mas isso não alterava os planos do Juno.
Conversávamos numa tarde de domingo quando ele novamente
comentou que iria matar Emília:
_Matarei Emília evitando a morte da Lara e Larissa,
assim também evitarei que Emília se torne assassina.
Precisava apenas construir o equipamento da MDT-FP001.
Porém Juno não tinha mais cabeça para trabalhar,
estava afundado em depressão, vivia a base de calmantes. Certa madrugada me
ligou:
_Não aguento mais, preciso de sua ajuda, preciso ver
Lara, preciso conversar com ela.
Sem entender o que ele queria, perguntei:
_Esta bem Juno, mas o que quer que eu faça ?
A VIAGEM ASTRAL
_Preciso sair do corpo, quero ir até ela.
_Mas isso não é tão simples assim Juno, nesse caso
estaremos entrando no mundo espiritual, sair do corpo... , tudo bem, mas chegar
até ela é outra história.
_Como irá encontrá-la ?
_Acha que pode chegar até ela sem permissão ?
_Então o que faço ?
_Sinto que morro um pouco a cada dia, já pensei várias
vezes em suicídio, estou enlouquecendo.
_Façamos o seguinte, vá até a sede amanhã, verei o que
posso fazer.
Por volta de 8:00 horas Juno me ligou dizendo que
estava indo. Convoquei três membros da equipe, rumamos para lá.
Coloquei nosso amigo em transe hipnótico, o atrelei à
máquina, iniciei o trabalho:
_Juno, quero que me diga se encontrou Lara após sua
morte, busque na sua memória inconsciente.
Alguns segundos de silencio e veio a resposta:
_Sim, encontrei.
_Quero que descreva quando foi o encontro e em que
condições.
_Foi no terceiro dia após o enterro, estava dormindo
quando saí do corpo para falar com Lara.
_Quero que se lembre como foi o encontro e o que
conversaram.
_Quando a vi me emocionei, a abracei fortemente,
chorei e pedi que ela não me abandonasse.
Lara pediu que ele procurasse se controlar, que
cuidasse da saúde, ela sempre viria vê-lo.
Juno perguntou pela filha, Lara respondeu que ela
estava bem, que era linda e que estava cuidando dela.
Conversaram durante bom tempo, Juno chorava muito e
Lara estava visivelmente entristecida, muitas vezes não sabia o que falar.
Aos poucos Juno foi se tornando sonolento e dormiu,
nesse momento ele voltou para o corpo e Lara foi embora.
Continuei a regressão de memória, o engenheiro relatou
mais vinte e dois encontros, todos foram durante o período em que dormia.
Em todos os momentos Lara estava com Larissa, o nome
que eles haviam escolhido para a bebe.
Antes de encerrar a sessão ordenei ao subconsciente
que transferisse as memórias para o consciente:
_Agora vou contar até três, voltará a consciência mais
calmo, tranquilo, lembrará de todos os momentos que esteve com Lara e sua filha.
Embora tenhamos preferido que ele não tivesse acesso às
imagens da regressão, as lembranças foram suficiente para lhe fazer bem.
Durante quarenta dias ele permaneceu calado, não saia
de casa, passava a maior parte do tempo trancado em seu quarto, até que as
crises voltaram, em uma delas, novamente de madrugada me ligou:
_Por favor, encontre uma saída, preciso vê-la.
_Quer que seja feita nova regressão ?
_Não, quero ir até ela, quero sair do corpo.
_Convocarei reunião da equipe, vamos estudar, faremos
o que for possível para ajudá-lo.
Reuni a equipe, conversamos bastante, mas a conclusão
era a mesma, agora somente Deus poderia ajudar o engenheiro.
Ainda em reunião, liguei, pedi que ele viesse até a
sede.
_Juno, agora está tudo nas mãos de Deus, se Ele
permitir você conseguirá; aproveitando que estamos juntos, proponho que
formemos uma corrente, em oração pediremos a Deus permissão para que saia do
corpo e encontre Lara. Oramos.
_Está pronto ?
_Sim, estou.
_Então vamos para a sala; deite-se, o colocarei em
transe hipnótico.
Conduzindo o trabalho, tão logo o coloquei em transe
dei a ordem:
_Você está calmo, está tranquilo, totalmente relaxado,
agora você está em paz, suba lentamente, saia de seu corpo. Tão logo sair me
avise.
_Estou fora do corpo.
_Vê alguém a seu lado ?
_Sim.
_Como ele é ?
_A aparência é de uma pessoa comum, mas percebo que
tem uma forte luz sobre sua cabeça.
_Então converse com ele, pergunte quem é.
_Sim, perguntarei.
_Ele está dizendo que é meu guia espiritual, meu
mentor, vai me ajudar.
_Também diz que Deus ouviu as preces e vai me ajudar.
_Nesse caso, falei, faremos nova oração, agora em
agradecimento.
Oramos e voltei a falar com ele:
_Agora vou prepará-lo para seguir seu guia:
_A partir deste momento Juno, estou liberando para
você todas as emoções, todos os sentimento, só não experimentará o medo.
_Tudo que você viver a partir de agora, todas as
memórias do que irá viver serão transferidas de seu subconsciente para o
consciente, quando voltar até nós se lembrará de tudo que viu, sentiu e ouviu.
_Você está pronto, está em boas mãos, vá em paz,
quando voltar me avise.
Aguardamos em silêncio, com grande expectativa o
retorno.
_Estou de volta, falou Juno.
_Como está ?
_Dentro do possível estou bem.
_Então volte para seu corpo.
Nesse momento atrelamos o engenheiro ao decodificador
de ondas cerebrais, gravando as memórias do subconsciente.
Retirei Juno do transe hipnótico, mostrava-se cansado.
Acredito que nos dias de sofrimento ele tenha emagrecido aproximadamente 15 Kg.
_Agora vá para casa e descanse, amanhã falaremos sobre
o assunto.
Antes de voltar a conversar precisava estudar as
imagens colhidas do cérebro do nosso paciente.
A equipe estava impaciente, ligamos o aparelho de
reprodução, as imagens chegaram com som em nossa tela:
A principio ouvimos a conversa do ser espiritual com Juno;
esse ser tinha aparência masculina, um homem com aparência de 50 anos, cabelos
branco e pele muito clara, usava calça branca e camisa azul celeste; voz grave com
palavras compassadas.
CONHECENDO A VIDA APÓS A MORTE
Os dois saíram lentamente da sede, atravessaram o
telhado, pelos olhos do Juno víamos o teto das casas diminuindo de acordo com
que se distanciavam.
Estavam saindo do planeta, colônias espirituais
entravam no campo de visão do engenheiro.
Algumas mais próximas a Terra, outras ainda dentro do
campo gravitacional de nosso planeta, porém em altura bem maior, mais distantes
do solo terrestre.
Aos poucos observávamos o planeta diminuindo, até
ficar do tamanho de uma bola de futebol e depois desaparecer.
Logo vimos um enorme campo florido, Juno falou sobre o
perfume que exalava, eles deslizavam no ar.
Não demorou à aparecer uma grande planície, grama com
vários tons de verde, muitos animais perambulavam.
Um grande rio cortava toda região, a água tinha
diversas tonalidades de azul. Aves e animais estavam nas margens.
Agora se aproximava um imenso bosque, arvores de todos
os tamanhos, algumas cheias de flores outras carregadas de frutos.
No voo rasante que faziam sobre o bosque, verificamos os
galhos repetos de aves e animais.
Embora em nenhum momento tenhamos visto o sol, havia
muita luz, o céu muito azul e os imensos coqueirais que se estendiam por vasta
região, balançavam as folhas regidas por mansa brisa.
Logo surgiram as primeiras casas, telhados brancos,
vermelhos, amarelos, verdes.
Distantes uma das outras, formavam chácaras a perder
de vista.
Juno perguntou por que não havia estrada e nem ruas
entre elas, o mentor explicou que naquela região as pessoas não precisavam
andar. Simplesmente flutuavam e voavam.
No que imaginamos ser o centro da cidade, havia uma
enorme construção em circulo, telhado azul com paredes brancas, circundada por
imenso jardim, tão florido como as campinas.
Devagar desceram sobre um piso que parecia ser de
mármore, branco como a neve.
Caminharam em direção a um enorme portal, várias
pessoas do lado de fora observavam a chegada, entre elas estava Lara com
Larissa no colo.
Ao vê-la Juno correu, a abraçou longamente; as pessoas
fecharam um circulo em volta do casal e aplaudiram, enquanto isso, de dentro do
salão saia um grupo de pessoas cantando em coral. A canção dava as boas vindas.
O refrão da música era feito por voz masculina que
dizia:
_Seja bem vindo entre o povo de Jesus.
Do céu desceu milhares de pombas brancas que em
revoada acompanhava a canção.
O ambiente era de profunda paz e alegria, crianças
saiam de dentro do salão pulando e cantando, algumas subiam e voavam com as
pombas.
Terminado as manifestações, as pessoas entraram no
salão e uma linda música foi interpretada por aproximadamente 1200 músicos.
Quando a música acabou as pessoas começaram a sair,
davam alguns passos e subiam, flutuando como plumas, cada grupo seguindo em uma
direção, e todos diziam:
_Sejam felizes!
_Sejam felizes!
Juno pediu que Lara o deixasse pegar Larissa.
Abraçou-a com muito carinho, beijou várias vezes sua
face; a menina correspondia rindo e olhando ternamente o pai.
Várias crianças corriam no jardim entre os canteiros
de flores. Olhando em direção a uma delas Lara chamou:
_Julia, venha aqui.
Rapidamente a menina de aproximadamente 10 anos
volitou e chegou perto do casal que estava sentado num banco do jardim.
_Este é Juno, meu marido.
_Seja bem vindo Sr. Juno !
_Obrigado Julia, você é muito linda e educada,
respondeu Juno.
_Julia, vou levar Juno para conhecer nossa casa.
_Está bem dona Lara, vou ficar aqui com as crianças.
_Quem é Julia ? Perguntou Juno.
_Julia chegou aqui um mês após minha chegada, como não
tinha parentes por aqui, convidei-a para morar comigo.
_Ela está aguardando a chegada dos pais que vivem na
Terra.
_Agora venha, dê-me sua mão, subiremos e o levarei
para minha casa.
Do alto Juno olhou as crianças correndo e brincando,
com elas ficou uma moça que acenou para Juno em sinal de despedida.
Logo começaram a descida. Lara apontou para uma casa
com telhado azul e disse:
_Olhe lá, está vendo aquele telhado azul com uma cachoeira
ao lado ?
_Sim, vejo.
_É a minha morada. Vamos descer, prepare o trem de
pouso, ah, ah.
_Lara estava feliz com a presença do Juno.
_Tão logo colocaram os pés no chão Lara gritou:
_Laica, venha aqui; Laiquinha meu amor, onde você está
?
Então apareceu uma grande cachorra, corpo robusto, de
pelos curtos, amarelados, muito dócil.
_É sua ?
Perguntou Juno.
_Não Juno, aqui os animais são livres, ela não
pertence a ninguém, porém somos simpatizantes, ela é minha companheira e a
Júlia também tem muito carinho por ela.
_Agora entre, quero que conheça minha casa.
_Aqui é a sala; este aparelho é um dos meios de
comunicação que usamos. Lembra muito um computador.
_Os que aqui estão por mais tempo também se comunicam
por telepatia.
_Este outro aparelho lembra um aparelho de TV.
_É um dos vários meios que temos para nos distrairmos.
_Nele as crianças ouvem histórias, músicas, filmes,
acompanham a apresentação do coral, de cantores e tem até um microfone caso
queiram cantar acompanhando a música.
_Todas as histórias, inclusive para adultos tem algo
para nos ensinar. Também através dele podemos acompanhar as festas realizadas
em outras colônias, outras regiões espirituais. Nele também podemos ver o que acontece
na Terra, em qualquer região.
_Esses aparelhos não têm fios conectados e nem
precisam de energia para funcionar. Nunca estragam.
_Foi através dele que muitas vezes acompanhei seu
sofrimento, também sofria muito ao vê-lo em desespero.
_Mas esqueça, vamos ao quarto da Júlia.
_É um quarto parecido com o que ela tinha na Terra.
Tem brinquedos, bonecas e tudo que ela precisa para se distrair e sentir-se
bem.
_Aquele quadro na parede tem a foto dos pais dela.
_Agora venha aqui; esta é a cozinha, tem tudo: tem
pia, fogão, mesa, cadeiras, mas é somente para relembrar a Terra, aqui não
cozinho porque não temos fome.
_Vamos a meu quarto.
Quando entraram Juno se emocionou. Na parede havia um
quadro com a foto em tamanho real, era a imagem dos dois no dia do casamento.
_Você imaginava que só você pensa em mim ? Falou Lara.
_Eu olho para essa foto todos os dias, lembro-me de
você a cada instante, dê nossa vida, nossos sonhos, nossos amigos.
Juno abaixou a cabeça, percebeu que apesar do ambiente
de paz, Lara sentia muita dor, melancolia.
_Aqui também temos cama, gostou da minha ?
_É linda Lara, mas é para casal !
_Sim, claro que é para casal, por acaso sou solteira ?
_Esqueceu que você é meu marido ?
_Na verdade aqui não sentimos sono, mas quando
queremos... , como vou lhe explicar... , quando queremos desligar o interruptor
da mente, deitamos e simplesmente apagamos; pelo tempo que queremos ou até que
alguém nos chame.
_Mas para mim essa cama também tem outra utilidade:
várias vezes você se deitou em sua cama na Terra e continuou o sono aqui, nesta
cama, a meu lado, só indo embora momentos antes de acordar.
_Sem saber você já passou muitas horas aqui conosco.
Nesta região que estamos o tempo passa dez vezes mais lento que na Terra.
Enquanto lá você vive uma hora, aqui vivo 10 horas.
_E quantas horas tem uma noite ? Perguntou Juno.
_Aqui não existe nem dia, nem noite. Se você quer
enxergar o céu noturno, basta imaginar o céu escuro, então verá estrelas e
planetas.
_Se você imaginar chuva, então verá a chuva caindo.
_Caso imagine a neve, verá a neve caindo, verá os
campos coberto por ela; se quiser sentir frio ou calor, sentirá, depende do que
no momento estiver querendo.
_Só não conseguimos controlar sentimentos como alegria
ou tristeza, emoções em geral, por isso quando temos a sensação de solidão por
saudades de entes queridos, saímos e vamos procurar o que fazer para nos
distrairmos.
_No momento estou aprendendo a tocar balalaica, quero
me tornar uma eximia tocadora de balalaica.
_Assim caso um dia volte para a Terra, já vou nascer
sabendo tocar, então dirão que nasci com o dom, mas nem mesmo eu saberei o quanto
treinei para aprender, ah, ah.
_Os que gostam de escrever podem construir estórias e
transmitir telepaticamente para os que na Terra estão preparados para recebê-las.
_Aqui também tem cientistas como você, que passam o
tempo todo estudando para ajudar os cientistas da Terra a encontrar solução
para os diversos problemas, até mesmo na área da medicina.
Nesse momento Lara para de falar e diz:
_Alguém está me chamando, venha vamos ver.
_Mas não ouvi ninguém chamar, disse Juno.
_Chamou por telepatia, respondeu Lara.
_Venha, é amigo.
Era o mesmo mentor que havia levado Juno até lá.
Com voz serena ele falou:
HORA DE IR
EMBORA
_Vamos Juno ?
_Mas já ?
_O Sr. não pode deixá-lo só mais um pouquinho ?
_Lara, sabe que não dou ordens, o único que sabe o que
é melhor para cada um de nós é Jesus, Ele sabe por que Juno está aqui e quando
deve voltar.
_Também já passaram 7,5 horas em nosso tempo, na Terra
Juno está quase no limite que o corpo aguenta, já passaram 45 minutos.
_Tem razão, o Sr. me desculpe.
_Não há motivos para pedir desculpas Lara. Apenas se
despeça do Juno.
_Mas o Sr. sabe se ele poderá voltar ?
_Sei sim e lhe digo com certeza que ele voltará várias
outras vezes, porque na Terra estão gravando tudo que Juno está vivendo aqui no
mundo espiritual, esse material futuramente servirá para levar esclarecimento
aos que lá estão e procuram a verdade.
_Vamos Juno ?
Juno foi até o quarto, beijou Larissa, abraçou Lara
com muito carinho e saiu; disse apenas:
_A amo muito.
Terminamos de assistir o filme, percebemos que não
havia nada para falar ao Juno, nós é que tínhamos aprendido bastante.
Um dos membros da equipe, maravilhado com o local e
situação falou:
_Nossa... , que maravilha, acho que vou pedir para São
Pedro dar baixa em minha carteira, quero ir embora para lá.
_É muita sorte se você for para lá, acho que vai escorregar
e cair numa das regiões negras, ah, ah. Respondeu em piada outro membro da
equipe.
Estava marcado para Juno voltar dentro de uma semana,
seriam mais 45 minutos que na gravação do filme correspondia a 7,5 horas.
Aquela semana Juno esteve bem melhor, conseguiu até
sorrir. Foi ao trabalho, visitou os membros da equipe, foi à casa do Sr.
Furukawa, conversou com nossa equipe discutindo tudo que viveu.
Alegre o Sr. Furukawa lhe disse que estava perto de
construir o equipamento que a MDT-FP001 precisava para voltar a funcionar.
Sr. Furukawa tinha grande carinho por Juno, queria ajudar
o amigo a voltar no tempo e evitar a morte da esposa. Trabalhava
incessantemente.
A REVELAÇÃO
No momento marcado estávamos todos prontos, Juno
estava sorrindo.
O coloquei em transe hipnótico, dei a ordem para subir,
sair do corpo.
Tão logo saiu, Juno disse que já estava ao lado do
mentor, porém ele tinha uma mensagem para mim.
_Para mim ? Perguntei com espanto.
_Sim, ele está dizendo que vai usar o meu corpo para
se comunicar com vocês, mas que não saberei, não lembrarei o que ele vai relatar.
_Está bem, respondi.
Então usando a boca do Juno ele disse:
_Boa noite a todos.
_Que a paz de Jesus esteja com vocês.
_Irmãos em Cristo, estamos juntos em grande missão.
_Cada membro desta equipe aqui está porque assim Jesus
quis, porque vocês fazem parte de uma importante missão.
_Estão aqui para aprender com os fatos, esses fatos
deverão ser divulgados; o planeta entra na Nova Era, tempo em que o véu da
ignorância deve ser retirado dos olhos do ser humano.
_Vocês tem alta tecnologia nas mãos, tem permissão
para gravar tudo que Juno viu e verá no mundo espiritual. Por isso a partir de
agora, podem atrelar o aparelho e acompanhar em tempo real tudo que Juno estará
vivendo.
_Todo esse material deverá estar à disposição de
todos, sem distinção, e o mais importante: sem cobrar nada. As copias dos
filmes deverão ser doadas a todos que solicitarem.
_Além de vocês, nessa divina missão estão envolvidas
várias pessoas: a equipe de trabalho do Juno, Lara, os pais da Lara, Larissa,
Juno, os pais da Emília e a própria Emília.
_Agora relatarei o que diz respeito à participação dos
membros dessa missão:
_À equipe do CEHPAT ficou a responsabilidade de apoiar
e orientar Juno, é a ancora espiritual; está encarregado da divulgação de todo
material colhido e que se refere à Juno, a sua história.
_À equipe do INPE ficou a responsabilidade de apoiar
Juno tecnicamente, trazendo meios para que a humanidade entenda que ainda não
sabe nada, que entendam através da ciência, que não estão aqui só de passagem,
que a época é apenas uma questão de situação temporária. Ficaram incumbidos de
tornar o espaço explorável pelo ser humano, a fim de que futuramente a raça
humana não entre em extinção.
_À Lara coube ser o motivo das experiências do Juno;
coube incentivar o esposo, se submeter a todos os testes que ele precisava
realizar.
_Aos pais da Lara coube trazer-lhe a vida e tirá-la de
seu país natal para o grande encontro com Juno; coube educar e instruir; em
derradeira missão submeteram-se a doença para que Lara, sozinha pudesse entregar-se
totalmente a missão.
_À Larissa, irmã da Natasha e filha da Lara, coube
nascer para atender ao pedido do Juno, ser o conforto para Lara nos difíceis
dias após o desencarne.
_Lara e Larissa desencarnaram para que Juno fosse
atraído à cumprir sua última parte na missão.
_Aos pais da Emília coube à missão de trazê-la ao
mundo, falar-lhe sobre Deus, dar-lhe amor, ensinar-lhe o caminho correto. Para
isso aceitaram conviver com a angústia, desolação, grande sofrimento ao ver a
filha se perdendo nos caminhos da obscuridade.
_Ao Juno coube sacrificar seu tempo de vida em prol da
evolução terrestre, tanto no sentido tecnológico quanto espiritual.
_Aos cientistas ele levou a espiritualidade, à
espiritualidade ele ofereceu o trabalho dos cientistas.
_Juno foi o escolhido para a missão pelo seu grau de
espiritualidade, determinação, inteligência e grande amor por Lara; amor que o
tornaria obstinado em ajudá-la.
_Emília veio à Terra saindo de uma região obscura, de
grande sofrimento, pois lá encontram-se seres que são o terror, a maldade, o
eterno sofrimento.
_Vivendo nesse ambiente sentia-se injustiçada, clamava
à Deus dizendo que era apenas uma vítima que pagava pelo erro dos demais que
fizeram parte de suas várias vidas.
_A ela foi dada a oportunidade de nascer em família que
a amou, ensinou a amar e perdoar. Foi dada a oportunidade do autoconhecimento,
de saber qual é sua verdadeira índole. Foi dada a chance de estar e trabalhar
com o povo de Deus, porem preferiu construir caminho de maldade, sofrimento e
insanidade.
_A experiência pela qual Juno hoje passa no mundo
espiritual, não é permitida aos demais, pois após esse convívio no mundo
espiritual, inevitavelmente perderiam o interesse de viver no mundo material.
_A partir dessas experiências na espiritualidade, Juno
não terá mais motivação para estar na Terra, porem isso só foi permitido a ele
porque sua hora de rumar a Jesus está muito próxima.
_Neste momento Juno está descansando, dormindo,
aguardando que o chamem.
_Não tenho mais nada a dizer, apenas que se amem, se
respeitem, que vejam em cada ser a imagem e presença de Jesus Cristo.
Olhei para cada membro da equipe, todos estavam
surpresos, ninguém se arriscou falar nada.
Eu continuava na liderança e precisava falar com Juno,
ajudá-lo a completar a missão que nem mesmo ele sabia ter.
DE VOLTA A
ETERNIDADE
_Juno, está me ouvindo ?
_Sim, estou.
_Está pronto para ver sua amada ?
_Sim.
_Então novamente lhe devolvo todos os sentimentos,
toda capacidade de analisar, todas as emoções, só não sentirá a sensação do
medo.
_Estamos acompanhando seus passos, siga com o mentor.
Novamente atravessaram o campo gravitacional terrestre,
logo entravam na região onde Lara se encontrava.
_Vou levá-lo diretamente à casa da Lara.
_Está bem.
_Ela já está lhe esperando.
_Olhe lá Juno, é a casa.
_Sim, vejo a cachoeira.
Lara com Larissa no colo e Julia ao lado, aguardavam o
visitante na porta da casa.
Cumprimentaram-se, Juno abraçou e beijou as três.
O mentor saiu e Juno entrou no recinto abraçado à
esposa.
_Como está Juno ?
_Estou bem dentro do possível, mas não sou o mesmo,
não tenho mais motivação para nada, vivo como um robô.
_Centenas de pensamentos passam ao mesmo tempo por
minha mente, às vezes penso que vou ficar louco. Não sei o que devo fazer.
_Esses últimos dias vivi o tempo todo esperando por
este momento.
_Eu sei Juno, tudo que você senti chega até mim,
porque nossa ligação é muito grande. Você estará vindo para cá sempre que
possível, então, antes de mais nada agradeça a Jesus pelo presente que estamos
recebendo.
_A vida não é fácil para ninguém, nem para você, nem
para mim.
_Quando você está feliz, me sinto feliz, quando você
se entristece também fico triste.
_Vamos viver cada dia, vamos procurar fazer desses
dias os melhores, mesmo que não sejam bons procure vivê-los de forma positiva,
pois nada é eterno, você sabe, tudo tem fim, não há mal que sempre dure, depois
da tempestade vem a bonança.
_Agora venha, Julia me disse que vai ficar aqui em
casa brincando com Larissa, então poderemos passear.
_Vou levá-lo para conhecer um local interessante.
_Logo que desencarnei me levaram para lá.
_Venha, me de a mão, prepare as asas para decolar, ah,
ah.
Os dois subiram aproximadamente 50 metros e Lara
falou:
_Está vendo lá no fim do horizonte, um prédio com
telhado arredondado, dourado, brilhante ?
_Sim.
_É para lá que vamos.
Sobrevoaram várias chácaras, havia muito verde, muitas
flores, algumas pessoas acenavam chamando atenção; logo chegaram ao local.
Um enorme prédio em estilo futurista, teto redondo,
dourado, três andares, paredes espelhadas com muitas e amplas janelas, enormes
portas davam acesso a várias entradas.
_Olhe que lindo Juno, o prédio resplandece aumentando
o brilho da região.
_Vamos entrar.
No prédio havia diversas salas, a todo momento chegava
alguém amparado por pessoas vestidas de azul claro.
_Oi Sr., podemos seguir vocês ? Falou Lara a um homem
que conduzia e amparava uma senhora.
_Sim, venham, ela acabou de desencarnar, estou
conduzindo para os primeiros tratamentos.
_Para onde vamos Lara.
_Vamos acompanhar essa senhora que segue para
tratamento de desmaterialização.
_Eu passei por isso, um dia você também passará.
_Está vendo aqueles aparelhos transparentes ?
_A senhora será colocada em um deles e ali permanecerá
durante 240 horas locais, 24 horas terrestre.
_Nesse estágio ficamos adormecidos, sendo preparados
para a segunda fase.
_Agora vamos à outra sala, verá pessoas na segunda
fase do tratamento.
Várias pessoas transitavam pelos recintos, em todo
ambiente ouvíamos suave música.
_Chegamos, olhe aquelas máquinas; ali as pessoas
passam pela segunda e última fase.
_Aqui nos desvencilhamos das sensações de fome, dor,
fraqueza e tudo que se relaciona a matéria física.
_Quando saímos do aparelho desfrutamos de uma sensação
de grande leveza, nos sentimos livre do peso da matéria, você senti vontade de
voar.
_Poderá ainda sentir fome, sono ou dor, porem isso não
permanecerá por muito tempo, pois essas sensações são causadas por nossa
própria mente, pelo fator psicológico.
Juno e Lara andaram por todo ambiente, subiram até o
terceiro andar, conversaram com muitas pessoas e voltaram para casa. Juno
queria ficar um pouco com Larissa.
Chegando à casa Juno correu para o quarto, abraçou a
filha e começou a dançar com ela no colo.
_Me abrace forte Larissa, vou ensinar-lhe uma dança
russa.
_Por favor Lara coloque a música russa Kalinka para eu
e essa dama dançarmos.
Lara colocou e Juno dançou com a filha no colo.
_Lara, disse Juno. Nossa filha não irá crescer ?
_Você me fez a mesma pergunta que fiz a algum tempo
quando estava reunida a comunidade no salão de festas.
_Explicaram que Larissa vai permanecer nesta idade até
quando ela quiser.
_Mas geralmente, aos pouco se cansará dessa situação e
começará a crescer, normalmente como na Terra.
_Caso ela queira continuar em determinada idade,
poderá, tudo depende da vontade dela.
_Você não me falou de seus pais Lara, estão nesta
colônia ?
_Não, estão próximos à Terra. Estive lá várias vezes.
_Estão bem, ficaram muito alegres quando me viram.
_Eles também vieram visitar você ?
_Não, eles não podem estar aqui.
_Podemos ir a colônias iguais ou inferiores a nossa,
mas para irmos a colônias superiores a nossa, somente com permissão.
_Na próxima vez que voltar aqui poderá visitá-los.
Irão adorar ver você.
As horas passaram, Juno precisou voltar.
Nas semanas que seguiram Juno continuou visitando as
colônias e nós gravávamos a viagem astral:
CONHECENDO
OUTRAS COLÔNIAS
Agora víamos o mentor, Lara e Juno visitando a colônia
onde se encontravam os pais da Lara.
Nessa região víamos as casas também em estilos de
chácaras, interligadas por ruas e estradas.
Ainda pairando no ar Juno perguntou:
_Por que aqui há ligação entre as residências por meio
de vias ?
_Aqui Juno, respondeu o mentor, as pessoas
locomovem-se pelo chão não flutuam, esta colônia tem forte ligação com a Terra,
você percebe que ela está dentro do campo magnético terrestre, então vai
observar que o cotidiano das pessoas é muito próximo ao cotidiano dos que estão
encarnados.
_Observe também que é uma das regiões mais alta, ela
está próxima ao limite do campo gravitacional, porem está dentro dele.
_As que aqui estão são todas pessoas de boa índole,
espiritualizadas, porem ainda com forte ligação ao planeta; elas gostam, se
sentem bem com o estilo de vida dos que estão na Terra.
_Entre a população local, 50% das pessoas trabalham
cultivando vegetais, cereais, frutas e legumes.
_Aqui tem uma espécie de legume que possui gosto de
carne.
_Os que cultivam sentem necessidade de consumir esses
alimentos, os que não cultivam vivem sem necessidade de alimentar-se.
_Entre eles há uma necessidade comum a todos: o sono.
_Mas aqui não há um aparelho para desmaterialização ?
Perguntou Juno.
_Sim e é o primeiro processo a que se submetem.
_Os aparelhos usados são adaptados aos que aqui estão;
retiram a dor dos que desencarnam feridos, doentes, retiram a fome, mas não
retiram o sono, pois eles possuem um perispirito que é alimentado por energias
adquiridas durante o sono.
_O perispírito altera-se de acordo com o grau de
espiritualidade.
_Aqui não existe hospital, existem pessoas que
trabalham como psicólogos, tratam o emocional.
_Aqui tem dia e noite, a luz é a mesma que ilumina a
Terra, a luz do sol.
_Todas as regiões que estão dentro do campo
gravitacional da Terra seguem o tempo terrestre.
_Nesta região não tem frio nem calor, também não há
chuva e nem os fenômenos naturais da Terra.
_As lagoas e lagos que pode observar, assim como rios,
foram criados pelos habitantes que usam o plasma como matéria prima.
_Com a energia plasmada eles constroem tudo que existe
dentro da colônia, até mesmo a iluminação artificial.
_Possuem aparelhos parecidos com radio e TV, a
programação é local, feita por eles.
O mentor levitou sobre grande parte da região para que
o casal pudesse observar o ritmo de vida.
Visitaram os pais da Lara e Juno voltou para a Terra.
As crises do Juno acabaram, foi reduzida drasticamente
a quantidade de calmante, tomava apenas para dormir.
Apesar da grande evolução os médicos preferiam que ele
continuasse afastado.
Dia a dia nossa equipe estava mais espiritualizada, o
aprendizado do Juno também era nosso aprendizado.
Tornamos padrão todas as reuniões iniciarem com oração
em agradecimento a Deus. Pedíamos que Ele abençoasse e dirigisse nosso
trabalho.
A equipe do Juno dentro do INPE estava integrada a
equipe do CEHPAT, juntos assistíamos todos os filmes.
Agora falando e entendendo o português suficiente para
não mais precisar de interprete, o Sr. Kurusawa também participava de todas as
reuniões.
Comentamos a observação de que as equipes se uniram,
fundiram-se através do nosso engenheiro, que foi apelidado carinhosamente como
capitão Juno.
A opinião era unanime de que dia a dia Juno se
desligava da Terra, falava todo o tempo sobre o mundo espiritual e não dava
atenção nem mesmo para sua grande invenção.
Hoje o capitão Juno estava apreensivo, sabia que as
próximas viagens seriam nas regiões inferiores.
CHEGANDO
ÀS REGIÕES INFERIORES
Todos estavam presentes, a curiosidade transparecia, as
expectativas eram grandes; o corpo do capitão Juno já estava atrelado ao
decodificador e seu espírito já havia saído.
O mentor e Lara estavam presentes.
Iriam visitar as regiões que estão localizadas abaixo
das nuvens e acima da superfície terrestre.
Subiram entre três a quatro quilômetros, logo surgiram
às primeiras imagens:
O local era uma replica exata de tudo que se tem aqui
na Terra.
_Os que habitam esse local, falou o mentor, estão
vivendo como se estivessem materializados.
_Quando desencarnam são enviados diretamente aos
hospitais, após o tratamento são enviados para sessões de desmaterialização,
que servem somente para aliviar o efeito das sensações que o corpo material
proporciona. Nunca são desmaterializados totalmente.
_Sentem frio, calor, fome, dor e precisam de
constantes cuidados.
_Tem equipe de médicos, psicólogos e psiquiatras.
_Aqui como na Terra, a índole dos indivíduos se
mistura.
_Precisam trabalhar, pois é parte importante da
terapia ocupacional. A maioria não sabe viver sem trabalhar, não consegue se
satisfazer somente com o lazer.
_Alguns conseguem construir coisas com energia
plasmada, porém a maioria de tudo que aqui se encontra é feito por espíritos de
planos superiores.
_Trabalham na agricultura e pequenas indústrias,
fabricam tudo que precisam para se sentirem bem.
_Os aparelhos como a TV recebem programação da Terra e
são aparelhos comunitários, colocados em locais específicos.
_Observe a grande quantidade de igrejas.
_Em outras regiões como esta poderá observar
sinagogas, igrejas, e diversos templos, isso vai depender dos habitantes, de
seus hábitos e crenças.
_Agora vamos sair desta região indo para outra mais
abaixo, quase colada ao solo, aproximadamente entre 800 metros a 1 km de
altura.
Novamente vimos na tela uma replica do nosso planeta.
O mentor continuava a descrição:
_Aqui vamos encontrar ambientes mistos.
_Observe a comunidade cercada por altos muros, tendo
ao lado uma região degradante.
_Esses seres estão separados apenas pela muralha.
_Os que moram dentro da muralha tem a índole duvidosa,
são constituídos por pessoas que chegaram até aqui através do egoísmo, arrogância,
falsidade, indiferença ao sofrimento alheio, ganância, intolerância de toda
espécie.
_Vivem a mesma vida que tinham na Terra, porém não
possuem nada, vivem em comunidades, dividem tudo com todos. Faz parte do
aprendizado.
_Seres com maior evolução espiritual fazem reuniões e
os ensinam a caridade e desapego material.
_Nesta região também tem igrejas, sinagogas, tempos,
etc...
_Não existe nenhum tipo de tecnologia que leve a
distração.
_Agora vamos ver a região que está fora da muralha.
_Aqui se encontram seres de péssima índole: ladrões,
viciados que desencarnam através do consumo de drogas pesadas, traficantes,
estelionatários, criminosos, bandidos de toda espécie; indivíduos agressivos,
com todo tipo de distúrbio e desequilíbrio.
_Nesta região ninguém trabalha, não há laser, sentem
fome mas não tem nenhum tipo de alimento, não há médicos, não recebem nenhum
tipo de tratamento.
_Observe que o ambiente é inóspito: sem animais, sem
plantas, sem água, sem casas, sem construções e nenhum ser vivente além deles.
_A luz do sol não penetra, apenas uma penumbra
possibilita que um veja o outro.
_Brigam constantemente, formam gangues e uma gangue
ataca a outra.
_Não é raro esses seres adquirirem a insanidade, a
loucura que muitas vezes os acompanha quando reencarnam. Tem muitos que estão
aqui a mais de mil anos. Conforme o coração de pedra vai se desfazendo, recebem
permissão para reencarnar, mas antes passam por tratamento e preparo para
receber o corpo terrestre.
_Há alguns casos em que saem daqui, recebem tratamento
e passam a viver na colônia dentro da muralha. Emília foi um desses casos, mas
infelizmente não adiantou, hoje ela está aqui novamente.
_Não vou levá-los até ela, ouviriam muita bobagem e
palavrões, mas a verão através desta tela.
Nesse momento o mentor levantou o braço direito, no ar
riscou um retângulo que se transformou em uma tela.
Através dessa tela vimos Emília. Estava sentada sobre
uma pedra, descalça pisava no solo negro, empoeirado.
Sua aparência era bem próxima à aparência adquirida
aqui na Terra: uma moradora de rua, suja da cabeça aos pés, roupa em trapos,
cabelos espatifados, olhar diabolicamente penetrante. Naquele momento ela
discutia com um homem, era nítido o olhar de ódio.
_Por hoje é só capitão Juno.
_Obrigado pelo capitão, senhor general.
O bom humor do capitão Juno estava voltando.
_Caso queira poderá ir para casa da Lara; veja sua
filha, faça tudo que tem direito, se amem muito, pois é o amor que nos dá
sentido a vida. Na próxima vez irá conhecer região ainda mais inóspita. Esteja
preparado.
Assim a sessão foi encerrada.
Feliz o Sr. Furukawa dava a notícia para o capitão
Juno de que estava trabalhando apenas alguns detalhes no aparelho da MDT-FP001,
logo o disco voador estaria a disposição para o capitão voltar no tempo evitando
a morte da amada.
Mais uma semana havia passado, cada dia nossa equipe
estava mais interessada na viagem astral do capitão Juno.
INFERNO E PARAÍSO
Iniciamos a sessão, o capitão estava fora do corpo,
através de seu campo de visão observávamos a presença do mentor e Lara.
_Já estão aqui, falou Juno.
_Sim, vá com eles e com Deus, estamos atentos a tudo.
O decodificador já está gravando.
Dirigindo-se a Juno, o mentor falou:
_Não sairemos da Terra, hoje nosso primeiro passeio
será aqui mesmo, vou aguçar sua visão para que veja os seres que vagam na
superfície da Terra.
_Venha, vamos andar um pouco.
Logo ao sair do CEHPAT o mentor falou para Juno:
_Olhe para traz, diga o que vê.
Juno olhou em direção ao prédio do CEHPAT e disse:
_Vejo uma bolha envolvendo o prédio do CEHPAT, parece
um campo de força.
_O que mais vê, perguntou o mentor.
_Não vejo mais nada, apenas pessoas circulando.
_Concentre seu olhar, disse o mentor.
_Nossa, falou Lara, estou vendo coisas ?
_O que vê Lara ? Perguntou Juno.
_Vejo seres horríveis.
Percebemos que Juno focou o olhar na porta de entrada
do CEHPAT.
_É verdade Lara, respondeu Juno, são bichos, monstros,
metade homem metade bicho.
_Estão tentando entrar na sede.
_Olhe no teto do CEHPAT, estão tentando entrar por
cima também.
_Estão por toda parte Juno, falou Lara, observe as
calçadas, a rua.
_Sim, estou vendo. Olhe para cima, tem alguns que voam,
parecem bichos pré-históricos.
_Venham, continuem andando e observando, disse o
mentor.
_Estão por toda parte, entram e ficam em qualquer
lugar: hospitais, escolas, igrejas, departamento de polícia, governo, casas,
mosteiros, conventos, fabricas, lojas, creches, asilos, hospícios e todo local
que imaginar, por isso nós colocamos a proteção no prédio do CEHPAT.
_Achamos melhor prevenir, eles atacam tudo e todos,
mexem com a mente das pessoas, estragam equipamentos, colocam doenças de todo
tipo, alteram o estado emocional causando encrenca, desentendimentos.
_Há infinidade de casos em que levam as pessoas à
loucura, assassinato, suicídio entre outra coisas.
_Parece que não tem como escapar dessas criaturas,
falou Juno.
_Engano seu, respondeu o mentor. Na verdade todos
estão sendo envolvidos pelas energias negras dessas criaturas, porém os limpos
de coração, os que são do bem e estão em contato com Deus, estão protegidos.
_Entretanto até mesmo essas pessoas são atacadas no
momento de descontrole emocional, onde a pessoa momentaneamente se enerva, se
descontrola, se enraivece; esse é o momento que eles conseguem atacar.
_Como eles não tem força espiritual, usam as energias
do ser humano, até mesmo sugam essas energias; os que tem índole parecida ou
igual a deles são facilmente influenciados e usados por eles.
_Contrario ao que muitos pensam, eles não conseguem
tomar o corpo de ninguém, mas é como se o fizessem, pois dominam o principal,
dominam o que rege o corpo do ser humano, dominam a mente.
_Olhe atentamente para qualquer pessoa que está a sua
frente e verá que todos tem um campo magnético que os envolvem e protegem
contra o ataque direto dessas criaturas; esse campo magnético se chama aura,
ela tem sete camadas, cada camada tem uma função.
_Quando a pessoa tem a proteção de Deus, por mérito
próprio, a primeira camada da aura se torna grossa, impenetrável, bloqueia até
mesmo as tentativas de envio de mensagens diabólicas, que chegam ao cérebro em
forma de pensamento.
_Além da aura o ser humano tem outra grande proteção,
quando essa proteção recebe força do próprio ser humano, então pode trabalhar
para ajudá-lo.
_Porem quando o ser humano não lhe dá a força
suficiente para trabalhar, essa proteção se torna nada e nada pode fazer. A
proteção de que lhe falo se chama mentor ou anjo da guarda.
_Muitas vezes o anjo da guarda é obrigado a ver tudo
acontecendo e nada pode fazer, pois a energia que seu protegido(a) emana, não
emana para ele e sim para um desses seres destruidores. Todos tem um mentor, um
anjo da guarda, mas nem todos recebem sua proteção.
_Esses anjos iniciam seu trabalho no momento que a
pessoa nasce, permanece ao lado do ser humano a cada segundo, a vida toda, seu
trabalho só termina quando a pessoa desencarna. Cada pessoa tem seu anjo da
guarda.
_Os anjos não tem sexo mas tem forte personalidade,
essa personalidade também expressa a sexualidade que pode ser masculina ou
feminina.
_Caso se concentre profundamente, verá ao lado de cada
humano um ser emitindo luz, perceberá que alguns aparentam ser homens, outros
mulheres.
_O fato de apresentarem personalidade masculina ou
feminina não altera o grande poder que cada um deles tem.
_Quem é o meu anjo da guarda ? Perguntou Juno.
_Ele está aqui neste momento ?
_Sim, está, respondeu o mentor.
_E quem é, posso vê-lo ?
_Está vendo há muito tempo, sou eu.
_E a Lara também tem anjo da guarda ?
_Agora não tem por que, não mais precisa, onde ela
vive está protegida de tudo.
_Além desses seres horrendo, perambulam pela Terra
imensa quantidade de pessoas que não aceitam a morte e querem continuar vivendo
aqui; cada caso é um caso, desde que recebam permissão poderão permanecer.
_Para que entendam, essas pessoas vivem num mundo
imaginário, semelhante ao mundo daqueles que estão sob efeito de drogas, vivem
o que gostariam de viver, veem e sentem o que gostariam de ver e sentir.
_É como se estivessem drogados, alucinados; por não
aceitarem a morte o subconsciente cria um mundo próprio, onde aprisionados pela
imaginação vivem o que está dentro deles, estão isolados do mundo real.
_A grande desvantagem é que ficam parados no tempo,
não são desmaterializados, vivem como zumbis.
_Quero pedir que preparem-se para continuar vendo
criaturas em estado deplorável, vou levá-los ao inferno.
_Faço-lhes um pedido agora, fechem os olhos, pensem em
Deus, coloque-O dentro da mente e do coração, irão receber uma energia extra
para entrar no ambiente que vamos.
O mentor ajoelhou-se, levantou a mão esquerda para o
céu, um forte raio de luz veio até sua mão, então com a mão direita ele
descreveu um circulo em volta do capitão e da Lara.
_Estão prontos, vamos.
Rapidamente subiram, pudemos ver o planeta
desaparecendo rapidamente; em certo ponto pararam e o mentor falou:
_O local onde entraremos é totalmente escuro, uma luz
sairá de meu corpo e será o brilho dela que nos permitirá ver o ambiente.
_Aqui se encontram seres da pior índole, vivem como
bichos, tal como é a própria aparência.
_Abaixo de nossos pés é pântano, lodo, percebam o
grande mal cheiro que exala.
_Esses horrendos bichos que vocês veem são espíritos
transformados pela maldade e o ódio que representam.
Gritos, palavrões e gemidos ecoavam, sons estridentes
de animais, urros, uivos e todo tipo de som macabro.
Pessoas e bichos se misturavam, rastejavam e se
atacavam. Rostos desfigurados, corpos mutilados, deformados, alguns estavam
envolvidos por gosma pegajosa.
_Estou sentindo enjoo, falou o capitão Juno, esse
cheiro de cadáver me embrulha o estomago.
Os três percorriam o ambiente flutuando quando de
repende um enorme ser monstruoso os atacou.
O mentor levantou a mão direita em direção do bicho
que caiu imobilizado.
O ambiente estava repleto de seres com aparência de aranhas
horripilantes, escorpiões, dragões, enormes morcegos, serpentes gigantescas,
demônios com dois, três e quatro cornos, homens e mulheres com duas ou três
cabeças, quatro braços, seis pernas, outros eram larvas.
_Não aguento mais mentor, o enjoo está muito forte,
falou Juno.
_Acho que viram o suficiente, vamos sair, replicou o
mentor.
Lara estava atônita, falou somente depois que saíram:
_Nossa que alívio estar fora desse ambiente, a energia
que impera é tão destruidora quanto poderosa. Eu também estava ficando tonta,
tive a impressão de que iria sufocar.
_Os seres que aqui estão, falou o mentor, são a
escória da humanidade.
_Muitos estão aqui há milênios e continuam os mesmos,
o ambiente foi criado de acordo com o que eles são. Nesse ambiente jamais entra
um raio de luz, o sofrimento é eterno, porem eles não mudam.
_Pensei que fossemos ver o fogo do inferno, falou
Lara.
_O fogo existe, falou o mentor, porem está dentro de
cada um, é o fogo do desespero, da loucura, o fogo da maldade que arde dentro
de cada um.
_Por tudo que vimos percebo que moro no céu, falou
Lara, entretanto também percebo que existem mais regiões com espíritos
inferiores do que evoluídos.
_Não Lara, não é bem como está pensando, nessa região
próxima à Terra realmente encontrará seres menos evoluídos, pois o planeta é
local de recuperação, de aprendizagem, no entanto existem infinitas regiões com
seres de altíssima evolução.
_Se lembram do Sr. Liu ? Ele está em uma dessas
regiões.
_Poderíamos visitá-lo ? Perguntou Juno.
Nesse momento o mentor fechou os olhos, pareceu entrar
em transe, segundos depois respondeu:
_Sim, recebemos autorização, uma nave virá para nos
levar.
_Nave ?
_Sim Lara, uma nave.
_A região que iremos é muito distante da Terra, iremos
para a região de Óreon, está a mais de mil anos luz de distância.
_Essa nave é infinitamente mais veloz que a velocidade
da luz, ela navega perto da velocidade do pensamento, em poucos minutos
estaremos lá.
Nesse momento uma enorme nave pairou no ar.
Um forte foco de luz envolveu e abduziu os três para o
interiro da nave.
Juno se colocou enfrente ao painel frontal, de onde
poderia ver imagens da viagem no espaço, porem não foi possível ver nada,
apenas uma forte luz inundou a cabine e já estavam lá.
Ainda no espaço a nave parou e vimos um enorme
planeta.
_Nossa, falou Lara, é diferente de tudo que vimos até
agora, o planeta é branco.
_Não, interveio o mentor, o branco vem da luz que ele
emite, os raios de luz são claros como a neve, é um planeta espiritual,
abençoado por Deus.
_Esse local é morada de seres com extrema elevação
espiritual, aqui estão grandes cientista, não só grandes na inteligência como também
grandes na sabedoria e no coração.
_O planeta é um imenso laboratório, está dividido por
regiões, cada região atua em uma área. Nessas áreas temos cientista de
tecnologia espacial, tecnologia da medicina, de energias, de comunicação, da
alimentação, genética e centenas de outros seguimentos.
_Trabalham em prol de todos os seres do universo, não
somente da Terra, é bom lembrar que existe quantidade inimaginável de seres
vivendo em planetas parecidos ou iguais a Terra.
_Além desse trabalho, é comum encarnarem nos diversos
planetas, levando a tecnologia diretamente até os que lá estão; além disso
levam o principal: sabedoria e amor, como foi o caso do Sr. Liu. Também vão
como mentores.
_Você Juno, recebeu total apoio deste povo em sua
invenção, várias vezes enquanto dormia foi trazido para cá e recebeu
instruções.
_Isso foi possível porque é chegado o momento da Terra
iniciar sua maturidade científica. Lembre-se de quem lhe ajudou com o principal
equipamento da MDT-FP001, o Sr. Liu.
_Agora vamos vê-lo.
Rapidamente a nave chegou à superfície do planeta e
pairou sobre um imenso prédio. Sr. Liu os recepcionou:
_Olá amigos, que boa surpresa estou tendo com a
presença de vocês.
_A surpresa é minha Sr. Liu, não sabia que o Sr.
falava minha língua, falou Juno.
_Ah, ah, aí é outra história capitão Juno, aqui estão
pessoas que desencarnaram de diversos pontos da galáxia e todos se entendem. Não
se esqueça que além de tudo o Sr. entrou numa Terra de grande magia.
_Na verdade o Sr. não está entendendo minhas palavras
e sim a mensagem que está saindo de meu cérebro. É assim que nos comunicamos
aqui.
_Venham, tenho algo para mostrar a vocês.
Os quatro desceram flutuando por uma espécie de túnel
e adentraram um enorme galpão, repleto de máquinas de diversas formas e
tamanhos.
_Estamos em um dos centros de tecnologia espacial,
daqui saem máquinas para todos os pontos do universo, tem máquinas para todas
as necessidades.
_O que acha desta ?
_É a sua máquina Juno; falou Lara.
_Sim, é a máquina que o capitão Juno inventou, ela
estava aqui há aproximadamente 400 anos terrestres, aguardava o momento para
ser construída na Terra.
_Vamos para outro prédio, tenho mais coisas para lhes
mostrar.
Os quatro saíram do galpão e flutuaram até chegar a
outro local.
NA TERRA DA
MAGIA
O prédio foi construído à dar impressão de ser uma
gigantesca taça de cristal.
Subiram por um túnel que ligava a base da taça à
plataforma superior.
Mais uma infinidade de máquinas estava por todo o
recinto.
_Venham ver esta.
_É o decodificador de ondas cerebrais; falou Juno.
_Sim, ele está aqui a mais de 3000 anos, tempo
terráqueo.
_Foi construído e usado por habitantes de outro
planeta há aproximadamente 2800 anos terrestres, porem o original é este, foi
criado e construído aqui.
_Como vê, nunca ficamos parados, há sempre locais
precisando de ajuda.
_Sei que seu tempo é curto, mas poderão conhecer minha
esposa e minha casa, venham.
Flutuaram novamente túnel abaixo seguindo em direção a
bosques mágicos.
_Olhe o detalhe Lara, as arvores não estão fixas no
solo, se locomovem e tem vida inteligente.
_Aqui animais e vegetais também se comunicam usando o
mesmo processo que usamos para nos entender.
_Todos os seres mágicos que a imaginação do homem
criou na Terra, estão aqui.
_Olhe a sua direita, está vendo ao longe pássaros
brancos voando ?
_Sim.
_Não são pássaros, se estivéssemos mais perto perceberíamos
que são cavalos brancos alados.
_Nos bosques vocês podem encontrar fadas, duendes,
unicórneos, leões com cabeça de águia, centauro, minotauro e muitos outros
seres. Temos até o saci, porém o nosso é um ser do bem.
_Aqui nenhuma forma de vida se alimenta, somos
alimentados pela energia produzida pelo próprio planeta.
_Chegamos, vamos descer.
A casa do Sr. Liu estava no centro de uma ilha; à
volta as águas cintilavam como cristal. A ilha era um imenso jardim florido e
no centro estava a casa.
_Esta é minha esposa, Li Mi.
Uma linda chinesa, cabelos bem negros e longos, rosto
angelical, usava um longo vestido de seda brilhante, azul celeste, que chegava
até os pés.
_Entrem amigos, é um prazer recebê-los; falou Li Mi.
A sala da casa dava a impressão de ser o painel de uma
espaçonave.
_Aqui é o local onde fazemos contato com seres de todo
o universo.
_Quando chegaram viram e entraram numa residência,
porem com o toque deste botão, nossa casa se transforma imediatamente numa
aeronave. Ela cruza o espaço na mesma velocidade daquela que os trouxe.
_Agora olhem para este círculo.
Um círculo de aproximadamente 1,0 metro, formado por
um tubo de aproximadamente 0,5 centímetro de diâmetro, com aparência de cristal
azul.
A Sra. Li Mi apertou um botão entre os vário do painel,
instantaneamente toda a equipe do CEHPAT apareceu dentro do circulo; nossa
imagem chegava até eles nítida e em tempo real.
_Esse aparelho, falou a Sra. Li Mi, foi criado por
nosso centro de tecnologia de comunicação, um dia ele estará na Terra.
_Caso o CEHPAT tivesse essa máquina poderiam nos ver e
estabelecer comunicação verbal.
_Estas duas máquinas que estão circulando entre nós foram
criadas por mim, formam um casal.
_Este com aparência masculina nos ajuda fazendo qualquer
tipo de cálculo, montando painéis, máquinas e todo tipo de equipamento, além
disso, é o piloto oficial da nova aeronave.
_Sua companheira toca qualquer tipo de instrumento,
reproduz todos os tipos de música, assim como qualquer tipo de som: sons da
natureza, vento, cachoeira, vozes de animais, sons de máquinas, turbinas e tudo
que imaginar.
_Vou pedir que ela reproduza uma música.
_Por favor companheira, reproduza Balada para uma
Estrela chamada Jesus.
Juno se emocionou ao ver sua música reproduzida com
perfeição.
_Agora Sr. capitão Juno, peço que toque sua música.
_Nossa companheira já está programada para sua música.
A Sra. Li Mi acionou outro botão no painel e um
teclado surgiu do ventre do robô.
O capitão Juno tocou e comentou:
_Fantástico, nunca ouvi som igual, perfeito.
_Pois é pessoal, falou o mentor, gostaria de levar
vocês até minha casa, mas o tempo acabou, temos que ir.
_Sua casa fica neste planeta ?
_Sim Lara, em outra oportunidade conhecerão.
_Então vamos nos despedir do casal, falou Juno.
_Não não capitão, nos despediremos na Terra; falou o Sr.
Liu. Agora peço que todos se sentem, iremos levá-los.
Todos sentaram, inclusive o casal anfitrião.
_Companheiro, por favor, nos leve para a Terra; Sr.
Liu fez o pedido para o robô.
A casa se transformou numa nave através do toque de um
botão. Em fração de segundos ela decolou e já estavam na Terra.
Despediram-se; Dirigindo-se ao Sr. Liu Juno falou:
_Foi um prazer imenso estar com vocês, conhecer sua
vida, seu trabalho, seu lar, seu planeta, sua esposa, mas antes de ir embora
quero lhe fazer um pedido.
_Sim, faça Juno.
_Agradeço a proteção e companhia que sempre tive deste
que hoje é meu mentor e anjo da guarda; porem sei que um dia poderei
reencarnar, e caso meu mentor não possa ser novamente o meu anjo da guarda,
então gostaria de lhe pedir que seja o Sr.
_Será uma grande honra para mim, respondeu o Sr. Liu,
porém a escolha cabe a Deus; se o seu mentor não puder estar com você e se Deus
permitir, estaremos juntos em nova missão.
OS ÚLTIMOS DIAS
Dois meses passaram, gravamos depoimentos do capitão
Juno, organizamos todos os filmes, agora a missão estava em minhas mãos. Teria
que divulgar tudo que vimos e aprendemos.
Uma vez por semana Juno ia até o CEHPAT para entrar em
transe, sair do corpo e ver sua família.
Num daqueles momentos o Sr. Furukawa falou para o
capitão Juno:
_Está pronto capitão, sua nave está pronta para
decolar. Agora só falta o Sr. pedir baixa para os médicos e voltar a trabalhar.
_Acredito que voltando no tempo o Sr. traga dona Lara
e sua filha de volta.
_Sim Sr. Furukawa, é o que mais quero, não tenho mais
motivação para estar vivo, para trabalhar, preciso resgatá-las. Vou marcar o
dia para voltar ao médico e resolver tudo.
Juno ainda vivia a base de calmantes, sem o quais não
conseguia dormir.
Era visível sua falta de interesse por tudo, o único
dia que o víamos mais animado era quando ele sairia do corpo para ver a esposa
e a filha.
Seu olhar estava sempre distante, olhando para o céu,
olhando para o nada; pouco falava, nossos assuntos não lhe causavam interesse a
não ser quando falávamos da espiritualidade.
O capitão estava na fronteira entre o Céu e a Terra.
A ideia de trazer sua família de volta era obsessiva.
Seus pais diziam que todas as noites, durante o sono,
ele falava muito com Lara e Larissa.
Juno marcou consulta com o médico para dez dias.
A equipe do INPE foi até a casa dele, o gerente geral
estava ansioso para que o capitão Juno retomasse seu posto de liderança na
equipe.
Eu e a equipe do CEHPAT fomos chamados por eles que
fariam um churrasco na casa do Juno. Passamos juntos o domingo.
Os pais do capitão, sempre muito amáveis e
hospitaleiros ficaram contentes com nossa presença. Eles sofriam juntos com o
capitão ao vê-lo sempre desconsolado, deprimido.
Foi um domingo especial, o capitão tocou a música
dedicada a Lara e se emocionou; alguns choraram junto com ele.
Não podíamos jamais imaginar que aquele seria o último
domingo junto ao nosso grande capitão Juno. O homem que através de sua determinação
e história muito nos ensinou.
Na segunda feira a tarde veio a notícia que ninguém
queria: nosso capitão estava morto.
Uma parada cardíaca fulminante levou o nosso grande
amigo.
Ficamos sem o chão, a história do capitão Juno Besik e
Lara Misha havia terminado.
À noite, após visitar o corpo do capitão, toda a
equipe se reuniu na sede; me propus sair do corpo, ser ligado à máquina e rever
o capitão.
A ideia era que através de mim todos pudessem revê-lo,
conversar, buscar informação que acalentasse nosso coração.
Logo ao sair do corpo me deparei com um ser alto,
barba aparada, cabelos pretos; sua face resplandecia.
_Seja bem vindo ao mundo espiritual, disse-me aquele
ser.
Respondi agradecendo e perguntei quem era ele.
_Sou seu mentor espiritual, seu anjo da guarda.
_Gostaria de poder ver o capitão Juno, todos querem se
despedir dele.
_No momento não é possível, Juno foi levado para
desmaterialização, mas no momento oportuno voltará para um último adeus.
_Volte para o corpo, tranquilize-se, saberão a hora de
vê-lo.
O Sr. Furukawa como os demais estava muito abalado,
dizia que ele mesmo entraria na máquina para alterar a história.
A madrugada e o dia seguinte ficamos reunidos junto ao
corpo do capitão, até o momento do sepultamento.
Saindo do cemitério fomos para o CEHPAT, toda a
equipe.
Sentados em circulo, ouvindo o Sr. Furukawa que
prometia entrar na máquina no dia seguinte para eliminar Emília, ouvimos ao
longe a música do nosso capitão.
Nos olhamos com espanto, o volume da música aumentava
aos poucos; de repente a tela do decodificador começou a piscar como se
estivesse tentando sintonizar algo.
O decodificador ligou automaticamente iniciando a
gravação.
Em aproximadamente 10 segundos a tela abriu, a imagem
aos poucos foi se projetando.
Era o nosso capitão junto com Lara e Larissa.
Acima deles pairava a nave do nosso capitão.
Juno levantou a mão acenando em despedida e falou:
_Com a permissão de Deus voltei para me despedir.
_Quero que saibam: todos foram muito importantes em
minha vida, vocês construíram minha história, se tornaram pessoas especiais.
_Agradeço a boa vontade do Sr. Furukawa em todos os
sentidos, inclusive ao querer mudar o final de minha história, mas quero dizer
que isso não é possível. Minha missão chegou ao fim, não há mais nada a fazer.
_Não era preciso Emília se tornar assassina e nem ser
assassinada, ela morreria de over dose, Lara e Larissa morreriam no parto. Por
isso digo: não há o que fazer.
_Estou indo para a casa de Deus e tenho certeza que no
futuro estaremos todos reunidos pelo amor de Cristo.
_Deem uma cópia dessa gravação para meus pais.
_Pai, mãe; não quero que se entristeçam, vocês sofriam
com meu sofrimento, lamento muito, mas quero que saibam que agora estou bem.
_No momento que desencarnei tive amparo imediato, uma
equipe veio me buscar, Lara e Larissa estavam entre eles. Não sofram mais,
sempre estarei com vocês retribuindo o amor e dedicação que sempre recebi.
_Que todos fiquem na paz de Jesus.
_Adeus.
Brevemente Lara agradeceu à todos pelos cuidados que
tiveram com seu amado, com o carinho que todos dedicaram a ela.
Então Lara e o capitão Juno levantaram os braços
acenando e subindo; entraram na MDT-FP001 que rapidamente desapareceu no céu da
cidade de Jacareí.
A tela fechou e o decodificador automaticamente
desligou.
Essa é a história de um sonhador que buscava a
felicidade, que queria um mundo melhor para todos, que amou sua esposa acima de
tudo, acima da vida e da morte.
A mim restou a dor da saudade ao escrever a história.
Dedico este livro ao amigo e futuro neto: Juno.
Um Amor do Passado
FIM
Ilusória
Hegemonia
E o homem ouviu brada voz:
_ Ganhará o pão com o suor do seu rosto.
Porem o homem entendeu:
_ Ganhará o pão com rancor proliferando desgosto.
E o grande trabalhador terá boa casa, mas dela não
desfrutará.
Amará os filhos, mas não terá tempo para eles.
Terá bom carro e nenhum tempo para viajar.
Sua carteira recheada de dinheiro valerá mais que
sua própria índole.
A moeda terá mais valor que sua própria vida.
Seu poder comprará o silencio.
Seu sonho o cegará.
Sua ambição o arruinará.
Seu ódio o sentenciará.
Sua ilusão será maior que sua realidade.
Seu perdão terá preço.
Seu preço será do tamanho de sua ilusão.
Falará várias línguas, porem poucos o entenderão.
Sentir-se-á solitário em meio à multidão.
Perfumará o corpo enquanto a alma fede.
Terá muitas perguntas e poucas respostas.
Lutará por felicidade, mas nunca irá reconhecê-la
quando dela desfrutar.
Sentirá falta da paz, mas lutará pela glória.
Ao receber amor, insatisfeito blasfemara.
Sua mente doentia dará valor à ganância e ao
egoísmo.
Embora espírito, o homem viverá pensando ser corpo.
E brada voz afirmará:
_ Feliz será aquele que com alma de criança,
permanecer surdo e cego.
Minha igreja
é Deus, minha religião a Fé.
Benedito Oswaldo Vettoretti
Jacareí, 01 de fevereiro de 2013
2 comentários:
Amigo vou ver esses livros , obrigada pela indicação
Olá Reginia, é um prazer tê-la por aqui.
Espero que a leitura a satisfaça, proporcione momentos de descontração.
Abraços, Oswaldo.
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